Os infartos agudos do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST têm uma alta mortalidade e morbidade. A estratégia de tratamento típica é a angioplastia primária. Todo o sistema tem estabelecido protocolos muito diligentes para minimizar o tempo de isquemia desde o início dos sintomas até o tratamento definitivo na sala de cateterismo.
Este trabalho relata a experiência em Hong Kong desde janeiro de 2020, momento em que foram ativados os protocolos de emergência para conter a pandemia por Covid-19.
A ativação de ditos protocolos requereu a suspensão de todas as visitas não essenciais e o ajuste dos serviços, tanto dos pacientes internados quanto dos ambulatoriais.
Entre 25 de janeiro e 10 de fevereiro de 2020 foram observadas mudanças significativas nos tempos de assistência em comparação com as angioplastias primárias do mesmo período do ano anterior.
O tempo mais afetado foi o compreendido entre o início dos sintomas e o primeiro contato médico. Isso depende de forma quase exclusiva dos pacientes, que provavelmente, por medo de se contagiarem de Covid-19, tenham esperado em sua casa sem consultarem.
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O tempo histórico desde o início dos sintomas até o primeiro contato médico era de aproximadamente 82 minutos, porém, em plena pandemia este intervalo de tempo se prolongou em até 318 minutos.
Não podemos ainda entender plenamente o impacto direto da pandemia na saúde da população e uma tarefa mais complexa que essa será medir os impactos indiretos.
Ao tempo perdido até o contato médico é necessário somar o tempo extra para conhecer a epidemiologia do paciente, história de contatos, sintomatologia, etc.
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Finalmente, quando se decide proceder à realização da angioplastia primária faz-se necessário incluir na equação o tempo extra para trasladar o paciente de maneira segura, o que implica a colocação de todos os elementos de proteção pessoal por parte do staff de cardiologia intervencionista.
Título original: Impact of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Outbreak on ST-Segment–Elevation Myocardial Infarction Care in Hong Kong, China.
Referência: Chor-Cheung Frankie Tam et al. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2020;13:e006631.
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