Doenças malignas e estenose aórtica: o TAVI é justificável?

Com a exceção de uma maior taxa de necessidade de implante de marca-passos que a população geral, esta metanálise nos mostra que os pacientes com doenças malignas ativas e estenose aórtica severa evoluem bem após o TAVI.

Enfermedades malignas y estenosis aórtica ¿Se justifica el TAVI?

Tais pacientes não devem ser abandonados a tratamentos meramente paliativos, ao menos no que diz respeito à estenose aórtica. 

Os resultados a curto prazo após o implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) têm a mesma eficácia e segurança que nos pacientes sem câncer. A longo prazo o estágio da doença maligna acaba marcando a diferença. 

Todos os estudos iniciais e paradigmáticos do TAVI excluíram sistematicamente os pacientes com qualquer tipo de doença maligna. 

O estágio do câncer foi definido como avançado quando superior a T2 para o tumor primário, N1 para os gânglios ou M1 para as metástases. Também foi considerado o fato de a doença ser refratária, estar em recesso ou ser recorrente. A mortalidade em 1 ano após o TAVI foi mais de duas vezes superior nos pacientes com estágios avançados em comparação com os pacientes em estágios inferiores da doença. 


Leia também: Fibrose miocárdica na estenose aórtica severa: será questão de gênero?


Estas enormes diferenças em termos de sobrevida em um ano devem ser levadas em consideração na hora de tomar a decisão sobre avançar com o TAVI, mas é importante ressaltar que o procedimento não deve ser excluído rotineiramente em todos os pacientes com diagnóstico de câncer. 

Recentemente publicado no Open Heart, esta metanálise reuniu 3 estudos com um total de 5162 pacientes que receberam TAVI. Dentre eles, 7,1% tinham um câncer ativo. Os tipos mais comuns foram o gastrointestinal (22,6%), prostático (18,4%), hematológico (17,1%) e de mama (14,4%).

Em 30 dias de seguimento a mortalidade por qualquer causa foi similar entre os pacientes com câncer ativo ou não (RR 0,92; IC 95% 0,53-1,59). As diferenças passam a ser marcantes a partir de um ano e são conduzidas sobretudo pelos pacientes com estágios avançados da doença. 


Leia também: Buscando a profundidade ótima para as próteses autoexpansíveis.


O único desfecho de segurança concretamente maior nos pacientes com câncer foi a taxa de marca-passos definitivo (RR 1,29; 95% CI 1,09-1,58). Drogas frequentemente utilizadas como o metotrexato, o 5 fluorouracil e a cisplatina se associam a transtornos de condução e poderiam explicar a maior taxa de marca-passos. 

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Título original: Transcatheter aortic valve replacement in patients with severe aortic stenosis and active cancer: a systematic review and meta-analysis.

Referencia: Bendary A et al. Open Heart. 2020;7:e001131.


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