EuroPCR 2020 | FABOLUS FASTER: buscando a inibição plaquetária mais potente e rápida

Este pequeno estudo testou os efeitos farmacodinâmicos de várias drogas antiplaquetárias. Sua conclusão foi que a tirofibana (Agrastat) proporciona a mais potente e consistente antiagregação plaquetária ao ser comparada com o cangrelor em pacientes com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST que são submetidos angioplastia primária. 

Trinta minutos depois de iniciar o tratamento foi observada uma inibição da agregação plaquetária quase três vezes maior com a tirofibana que com o cangrelor. 

Tanto a tirofibana quanto o cangrelor foram superiores ao prasugrel mastigável. 

Além disso, a forma mastigável não foi superior aos comprimidos padrão de prasugrel. 

O Dr. Valgimigli, responsável pela apresentação do trabalho no EuroPCR 2020 virtual, disse que os inibidores do receptor P2Y12 orais como o prasugrel ou o ticagrelor proporcionam uma antiagregação plaquetária subótima em pacientes que são submetidos a angioplastia primária. Alguns trabalhos pequenos e de um único centro tinham reportado que os comprimidos partidos ou a versão mastigável dos mesmos poderiam melhorar o tempo de disponibilidade de medicamentos como o prasugrel. 


Leia também: EuroPCR 2020 | Estamos ante o renascimento da denervação renal?


Por outro lado, as drogas endovenosas proporcionam um efeito rápido e sustentado em comparação com os P2Y12 orais. Contudo, não existiam dados comparativos entre as diferentes drogas e formas farmacêuticas. 

O FABOLUS-FASTER, que foi simultaneamente publicado no Circulation, randomizou 122 pacientes a cangrelor, tirofibana ou prasugrel. O cangrelor e a tirofibana foram administrados em bólus mais duas horas de infusão seguidos de uma carga de 60 mg de prasugrel. Os pacientes randomizados a prasugrel receberam 60 mg de carga e foram randomizados novamente à forma mastigável vs. os comprimidos convencionais. 

Ao estimular as plaquetas com plasma rico em ADP observou-se uma inibição de 95% com tirofibana vs. 34,1% com cangrelor (p < 0,001). O cangrelor não alcançou o critério de não inferioridade. 


Leia também: EuroPCR 2020 | Revascularização vs. tratamento médico inicial em pacientes crônicos.


O resultado com prasugrel mastigável foi de 10,5%, motivo pelo qual tampouco alcançou o critério de não inferioridade quando comparado à tirofibana e ao cangrelor. 

Os pacientes que receberam o prasugrel mastigável mostraram uma maior concentração de metabólitos ativos da droga em sangue em comparação com a administração padrão. No entanto, não foram encontradas diferenças em termos de inibição plaquetária. 

A inibição mais potente da tirofibana poderia reduzir eventos isquêmicos, mas isso é só uma hipótese que deve ser testada em estudos com poder para mostrar desfechos clínicos. 


Leia também: EuroPCR 2020 | Diferir com iFR vs. FFR: são equivalentes ou há um novo “gold standard”?


O uso de inibidores da glicoproteína IIb/IIIa declinou pelo temor ao sangramento. Contudo, dito medo se apoia em estudos com infusão prolongada e acesso femoral para a angioplastia primária.  

fabolus-faster

Título original: Cangrelor, Tirofiban and Chewed or Standard Prasugrel Regimens in Patients with ST-Segment Elevation Myocardial Infarction: Primary Results of the FABOLUS FASTER Trial.

Referência: Gargiulo G et al. Circulation. 2020; Epub ahead of print y presentado simultáneamente en el EuroPCR 2020.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Impacto da pós-dilatação com balão na durabilidade a longo prazo das biopróteses após o TAVI

A pós-dilatação com balão (BPD) durante o implante percutâneo da válvula aórtica (TAVI) permite otimizar a expansão da prótese e reduzir a insuficiência aórtica...

TAVI em insuficiência aórtica nativa pura: são realmente superiores os dispositivos dedicados?

Esta metanálise sistemática avaliou a eficácia e a segurança do implante percutâneo da valva aórtica em pacientes com insuficiência aórtica nativa pura. O desenvolvimento...

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...