Segundo o estudo ISAR-TEST-5, recentemente publicado no J Am Coll Cardiol, 10 anos após o procedimento os pacientes com afecções coronarianas crônicas ou instáveis que foram revascularizados com stents farmacológicos têm resultados similares e muito bons para além da questão do polímero.
Os desfechos orientados pelo dispositivo no seguimento de 10 anos ocorreram em 43,8% dos pacientes que receberam o stent eluidor de sirolimus livre de polímero vs. 43% dos que receberam o stent eluidor de zotarolimus com polímero permanente.
Os autores, algo desiludidos, confessaram que esperavam alguma vantagem para os dispositivos livres de polímeros já no seguimento de médio prazo, mas não foi o que ocorreu.
No final do seguimento não se observou nenhuma vantagem dos dispositivos com tecnologia livre de polímero em comparação com os dispositivos com polímero permanente. Isso não é necessariamente uma má notícia para a nova tecnologia, já que, por outro lado, foi possível confirmar sua segurança e eficácia a longo prazo, algo que outras tecnologias que prometiam muito quando foram lançadas não puderam demonstrar.
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A tecnologia livre de polímero foi desenvolvida devido à preocupação que existia em relação ao efeito inflamatório deste uma vez que a droga era eluida. A demora na cicatrização da artéria e a neoaterosclerose no segmento tratado eram, em parte, atribuídas ao polímero.
O estudo ISAR-TEST-5 mostrou que a taxa de trombose definitiva ou provável foi muito baixa e similar entre os dois dispositivos. A taxa de trombose foi de 0,5% para os DES livres de polímero vs. 0,7% para os DES com polímero entre e 1 ano e os 10 anos (p = 0,52). Ambas as tecnologias mostram uma trombose muito tardia abaixo de 1%, o que confirma sua maior segurança em comparação com a primeira geração de DES.
Foram incluídos 2002 pacientes tratados com DES livre de polímero e 1000 tratados com DES com polímero permanente. Aproximadamente 30% dos pacientes tinham antecedente de infarto e 10% de cirurgia de bypass. 60% foram procedimentos programados, 30% anginas instáveis e 10% infartos agudos.
Em um ano o stent livre de polímero provou a não inferioridade com relação ao Resolute em termos de morte cardiovascular, infarto relacionado ao vaso e revascularização da lesão alvo. A expectativa era de que a longo prazo se demonstrasse a superioridade desta tecnologia, mas o seguimento de 5 anos demonstrou que ainda não havia diferenças e agora sabemos que em 10 anos tampouco.
Título original: 10-year outcomes from a randomized trial of polymer-free versus durable polymer drug-eluting coronary stents.
Referência: Kufner S et al. J Am Coll Cardiol. 2020;76:146-158.
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