Diferentemente do que ocorre com as coronárias e com a artéria femoral, a calcificação da camada média das artérias infrapatelares evita o remodelamento positivo e a capacidade para manter o lúmen do vaso.
A perviedade a longo prazo do tratamento endovascular é subótima mesmo com a utilização de balões farmacológicos, dispositivos de aterectomia ou stents.
A angiografia padrão mostra somente o lúmen do vaso que está longe de sua verdadeira dimensão e isso ocorre devido ao severo engrossamento da camada média.
O diâmetro correto do balão pode variar consideravelmente entre os diferentes operadores, resultando em baixo êxito técnico se a escolha estiver muito abaixo do tamanho real da artéria ou em dissecções e rupturas se a escolha estiver superdimensionada. As dissecções reduzem significativamente a perviedade, tanto as que são tratadas com stents quanto as que não são tratadas.
Este pequeno estudo em artérias cadavéricas pode nos dar algumas pistas ou gerar hipóteses sobre como se comportam os vasos quando expostos à subexpansão ou à superdilatação.
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As artérias foram randomizadas a receber angioplastia com balões de 3,0 vs. 4,0 mm de diâmetro inflados a pressão nominal.
Após a dilatação foi observado um ganho de lúmen de 1,9 ± 0,3 mm a 2,3 ± 0,2 mm sem ter havido um ganho significativo com o balão de 4 mm (0,3 ± 0,2 mm vs. 0,5 ± 0,4 mm; p = 0,21).
A superdilatação com balão em referência ao diâmetro do vaso se correlacionou moderadamente com o incremento de lúmen.
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A severidade das dissecções se correlacionou consistentemente com o aumento da calcificação, embora tenha havido variações de acordo com o padrão de distribuição desta última.
Em artérias com calcificação em nódulos observou-se, com frequência, dissecções severas com a superdiltação, motivo pelo qual esta deve ser evitada. Também deve ser investigado o resultado de implantar seletivamente stents neste tipo de lesões.
Ao contrário, as artérias com calcificação circunferencial (também considerada severa) mostraram um dano bastante limitado quando expostas a superdilatação e um claro benefício em termos de ganho de lúmen.
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Conhecer o tamanho correto e a distribuição do cálcio com ultrassom intravascular para poder escolher a relação de diâmetro entre o balão e a artéria pode ser a chave para minimizar o dano e maximizar o ganho de área luminal.
Título original: Vessel Calcification Patterns Should Determine Optimal Balloon Size Strategy in Below the Knee Angioplasty Procedures.
Referência: Rutger H.A. Welling et al. Eur J Vasc Endovasc Surg 2020 Jul 2;S1078-5884(20)30454-8. doi: 10.1016/j.ejvs.2020.05.032.
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