A maioria dos pacientes jovens que não requereram hospitalização pela infecção por SARS-CoV-2 mostraram ressonâncias anormais independentemente dos meses do diagnóstico.
A injuria miocárdica estava objetivada nos pacientes com um curso mais grave da infecção, mas não em uma população saudável que transcorreu a doença em seu domicílio.
Este aumento da evidência sobre a capacidade do novo coronavírus de afetar diretamente o coração em todo o espectro da população e da severidade da doença mostram quão obsoleto ficou o artigo que publicamos em 13-03-2020. Em somente 5 meses deixamos de negar a miocardite e passamos a dizer que esta é frequente ou inclusive poderia ser o padrão.
78% dos pacientes de um centro da Alemanha mostraram achados anormais na ressonância magnética cardíaca 2 ou 3 meses após terem sido diagnosticados como positivos no teste para coronavírus e apesar do fato de 67% nunca ter requerido hospitalização.
Leia também: Infartos, AVC e síndromes aórticas: todas as emergências à sombra da pandemia.
Foram utilizadas as sequências convencionais de ressonância para avaliar a função cardíaca, volumes, massa miocárdica e cicatrizes somadas ao mapeamento miocárdico em T1 e T2.
O estudo incluiu 100 pacientes que se recuperaram da infecção (idade média de 49 anos) e que foram submetidos a análise de troponina T ultrassensível e ressonância magnética cardíaca. Uns poucos do grupo apresentaram fatores de risco tradicionais, somente um terço requereu internação e somente 2 requereram ventilação mecânica.
A maioria dos pacientes (78%) tinham troponina detectável no momento da ressonância embora já houvesse transcorrido entre 64 e 92 dias da infecção.
Leia também: Diretrizes “transitórias e de emergência” para infartos durante a pandemia.
A publicação deste trabalho no JAMA Cardiology trouxe muitas perguntas que ainda não têm respostas. O que fazer com estes achados e por quanto tempo persistirão? É necessário realizar algum tipo de cardioproteção com medicação anti-inflamatória ou para insuficiência cardíaca?
As respostas surgirão dos centros que já passaram a primeira onda da pandemia enquanto o resto ainda espera que passe o pior.
jamacardiology_puntmann_2020_oi_200057Título original: Outcomes of cardiovascular magnetic resonance imaging in patients recently recovered from coronavirus disease 2019 (COVID-19).
Referencia: Puntmann VO et al. JAMA Cardiol. 2020; Epub ahead of print.
Receba resumos com os últimos artigos científicosSubscreva-se a nossa newsletter semanal
Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.