TCT 2020 | Nova informação sobre o valor do FFR antes e depois da angioplastia

Os estudos TARGET FFR e DEFINE-FLOW foram apresentados no congresso TCT 2020 e aprofundaram a informação proporcionada pelo FFR não somente antes mas também depois da angioplastia. 

TARGET FFR

O TARGET FFR incluiu 260 pacientes randomizados após uma angioplastia bem-sucedida (do ponto de vista angiográfico) a otimizar a angioplastia com FFR vs. medição cega de FFR. 

No grupo guiado foi feito um pullback com a orientação do FFR nos vasos tratados, observando-se segmentos passíveis de otimização em 46% dos pacientes. Essa informação levou a uma pós-dilatação adicional ou à realização de angioplastias em outros segmentos do vaso em 66% dos casos. O resultado foi um FFR final médio de 0,76 a 0,82 com o máximo aumento ao tratar outros segmentos e não tanto ao pós-dilatar. 

Essa otimização prolongou o procedimento, aumentou a dose de radiação, o volume de contraste e a dose de adenosina, embora tudo isso não pareça se traduzir em eventos adversos clínicos. 

Conseguir um valor de FFR acima de 0,9 foi numericamente mais frequente no ramo otimização (38,1% vs. 28,1%; p = 0,099). Foi significativamente mais baixo o número de pacientes com um valor de FFR final < 0,8 (18,6% vs. 29,8%; p = 0,045).


Leia também: TCT 2020 | O Xience se soma à evidencia da dupla antiagregação curta em alto risco de sangramento.


Assim como o que se pode abstrair de registros prévios, o valor do FFR alcançado foi menor quando a artéria a tratar foi a descendente anterior em comparação com a artéria circunflexa ou a coronária direita. 

Chama a atenção a quantidade de pacientes do ramo guiado por angiografia nos quais a medição do FFR foi feita de maneira cega e que finalizaram o procedimento com valores claramente subótimos. 

DEFINE-FLOW

Nos últimos anos foi crescendo o interesse em entender melhor a anormalidade na microcirculação, motivo pelo qual o segundo trabalho apresentado (DEFINE-FLOW) é um dos primeiros que efetivamente examinam esse ponto. 

A hipótese do trabalho foi que os pacientes que recebem tratamento com um FFR < 0,8 mas com um CRF intacto (> 2) teriam resultados comparáveis aos daqueles com FFR e CFR normais. 

O DEFINE-FLOW incluiu 430 pacientes com 533 lesões estáveis que foram medidas simultaneamente com FFR e CFR. Foram tratadas com angioplastia somente aquelas lesões com FFR baixo e CFR baixo. Todas as demais combinações, incluindo FFR < 0,8 mas CRF conservado foram diferidas e receberam tratamento médico. 


Leia também: TCT 2020 | Litotripsia em lesões calcificadas com resultados excelentes em estudos iniciais.


Em dois anos a taxa do desfecho combinado de morte, infarto e revascularização foi diferente nas 4 combinações. O melhor prognóstico foi para aqueles pacientes com FFR e CFR negativos e a maior taxa de eventos ocorreu no extremo oposto, isto é, FFR e CFR positivos (< 0,8 e < 0,2, respectivamente) que foram submetidos a angioplastia. 

As lesões com FRR < 0,8 mas com um CFR normal mostraram uma taxa de eventos 5% mais alta do que aquelas nas quais ambos os valores eram normais. 

Em outras palavras, o valor do FFR importa mesmo com o CFR normal. 

Título original: TARGET FFR: A randomized trial of physiology-guided PCI optimization y DEFINE-FLOW: an observational study of deferred lesions after FFR and CFR assessment.

Referência: El estudio TARGET FFR fue presentado por el Dr Collison D y el estudio DEFINE-FLOW por el Dr Johnson N. Ambos trabajos fueron presentados en el TCT 2020 virtual.


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