AHA 2020 | POLYPILL: Um só comprimido mais aspirina para tratar tudo

O uso de um só comprimido ou pílula contendo uma combinação fixa de estatinas, inibidores da enzima de conversão, betabloqueadores e diuréticos conseguiu diminuir significativamente o risco cardiovascular em uma grande população sem antecedentes de eventos (prevenção primária). No entanto, associou-se a um risco intermediário de apresentação de doença cardiovascular. 

O estudo TIPS-3 (The International Polycap Study 3) teve um desenho fatorial de 2x2x2 e foi apresentado de forma segmentada no congresso AHA 2020.

Acrescentar 75 mg de aspirina à polipílula reduz em 31% o risco relativo do desfecho primário de estudo (combinação de morte, infarto, AVC, morte súbita, insuficiência cardíaca ou revascularização) em comparação com o duplo placebo. Tal redução equivale, em termos absolutos, a 1,7%. 

A polipílula (sem o acréscimo da aspirina) mostrou um benefício no limite da significância estatística em comparação com o placebo. Após um seguimento de quase 5 anos, o desfecho primário ocorreu em 4,4% do ramo polipílula vs. 5,5% do ramo placebo (HR 0,79; 95% CI 0,63-1,00).

A polipílula incluiu 40 mg de sinvastatina, 100 mg de atenolol, 10 mg de ramipril e 25 mg de hidroclorotiazida. 


Leia também: Os Artigos Mais Lidos de Outubro e em Cardiología Intervencionista.


Esta ideia não convenceu todos os médicos. Muitos consideraram excessiva a dose de sinvastatina, com suas conseguintes possíveis interações farmacológicas. Mais ainda os 100 mg de atenolol em pacientes sem doença coronariana conhecida. 

Polypill

Título original: Polypill with or without aspirin in persons without cardiovascular disease.

Referencia: Yusuf S et al. Presentado en el congreso AHA 2020 y publicado simultánemante en N Engl J Med 2020.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

AHA 2025 | DAPT-MVD: DAPT estendido vs. aspirina em monoterapia após PCI em doença multivaso

Em pacientes com doença coronariana multivaso que se mantêm estáveis 12 meses depois de uma intervenção coronariana percutânea (PCI) com stent eluidor de fármacos...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | OPTIMA-AF: 1 mês vs. 12 meses de terapia dual (DOAC + P2Y12) após PCI em fibrilação atrial

A coexistência de fibrilação atrial (FA) e doença coronariana é frequente na prática clínica. Os guias atuais recomendam, para ditos casos, 1 mês de...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Acesso radial esquerdo ou direito? Comparação da exposição à radiação em procedimentos coronarianos

A exposição à radiação durante os procedimentos percutâneos constitui um problema tanto para os pacientes como para os operadores. O acesso radial é atualmente...

Impacto da pós-dilatação com balão na durabilidade a longo prazo das biopróteses após o TAVI

A pós-dilatação com balão (BPD) durante o implante percutâneo da válvula aórtica (TAVI) permite otimizar a expansão da prótese e reduzir a insuficiência aórtica...

TAVI em insuficiência aórtica nativa pura: são realmente superiores os dispositivos dedicados?

Esta metanálise sistemática avaliou a eficácia e a segurança do implante percutâneo da valva aórtica em pacientes com insuficiência aórtica nativa pura. O desenvolvimento...