Em quase 10% dos pacientes não foi bem-sucedida a canulação das coronárias após o implante percutâneo da valva aórtica (TAVI). Dito problema ocorreu quase exclusivamente naqueles que receberam a válvula autoexpansível.
O objetivo deste trabalho recentemente publicado no JACC Cardiovasc Interv. foi investigar a factibilidade do acesso aos óstios coronarianos após o TAVI e descrever possíveis preditores que antecipem sua dificuldade.
O estudo RE-ACCESS (Reobtain Coronary Ostia Cannulation Beyond Transcatheter Aortic Valve Stent) foi um registro prospectivo que incluiu pacientes consecutivos que foram submetidos a TAVI com os dispositivos comercialmente disponíveis.
Todos os pacientes foram submetidos a angiografia coronariana antes e depois do TAVI.
De 300 pacientes incluídos no RE-ACCESS entre 2018 e 2020, 23 (7,7%) não puderam ser cateterizados seletivamente após o TAVI.
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Do total de 23 pacientes, 22 tinham recebido a válvula Evolut R/PRO (17,9% vs. 0,4%; p < 0,01).
Na análise multivariada observou-se que na prótese autoexpansível (OR: 29,6; IC 95%: 2,6 a 335,0; p < 0,01) a relação entre a altura da prótese e do seio de Valsalva (p < 0,01) e a profundidade do implante (OR: 1,1 por cada 1 mm mais de profundidade; p < 0,01) foram preditores independentes de fracasso na canulação seletiva das coronárias.
Um modelo que leve em consideração os fatores anteriormente expostos pode predizer com muita precisão a dificuldade para o acesso (área sob a curva 0,94; p < 0,01).
Conclusão
Em 7,7% dos pacientes é impossível cateterizar as coronárias de forma seletiva após o TAVI. Tal dificuldade é quase uma exclusividade da prótese Evolut.
Título original: Coronary Cannulation After Transcatheter Aortic Valve Replacement. The RE-ACCESS Study.
Referência: Marco Barbanti et al. JACC Cardiovasc Interv. 2020 Nov 9;13(21):2542-2555. doi: 10.1016/j.jcin.2020.07.006.
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