Segundo o CDC (Centers for disease Control and Prevention), efetivamente existe uma relação entre a miocardite e vacinas de RNA mensageiro contra a COVID-19, embora se trate de um evento muito raro. Dito risco predomina em homens adolescentes e adultos jovens poucos dias depois de recebida a segunda dose.
Globalmente, este risco é muito baixo: de 4,4 casos por milhão após a primeira dose e de 12,6 casos por milhão após a segunda dose. Ao considerar apenas as mulheres, o risco é de 4,7 casos por milhão, ao passo que nos homens é aproximadamente 6 vezes mais provável, com 32 casos por milhão.
Para o grupo de técnicos que monitora o a segurança das vacinas contra a COVID-19, o risco/benefício hoje em dia é claramente favorável para os adolescentes e para os adultos jovens.
Até meados de junho foram reportados 1226 casos de miocardite/pericardite, possivelmente associados à vacinação. A idade média foi de 30 anos, 66% dos afetados foram homens e houve uma média de 4 dias entre a aplicação da vacina e o começo dos sintomas. Menos da metade desses casos foi efetivamente atribuído à vacinação, ao passo que os restantes continuam sob avaliação.
Oitenta por cento dos afetados se recuperou completamente e somente 9 casos continuavam hospitalizados no momento da elaboração do relatório.
Isso abriu um debate na sociedade, já que justamente os jovens são os que apresentam menor risco de internação ou morte no caso de contraírem a infecção.
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Contudo, com grande parte da população de maior idade já vacinada, o vírus agora circula majoritariamente entre os jovens.
Para termos uma ideia da análise de risco/benefício, é necessário levar em conta que por cada milhão de homens de entre 18 e 24 anos vacinados previnem-se aproximadamente 12.000 casos de COVID-19, 530 hospitalizações, 127 internações em unidades de cuidados intensivos e 3 mortes vs. aproximadamente 30 casos de miocardite. Esta conta não deixa dúvidas a respeito do benefício das vacinas. Para as mulheres dessa mesma faixa etária os eventos prevenidos são similares vs. somente 4 ou 5 casos de miocardite.
Tudo isso não leva em consideração os casos de síndrome multi-inflamatória nas crianças e os sintomas pós-COVID-19 (fadiga, insônia, rinorreia, dores musculares, dor de cabeça, falta de concentração, intolerância ao exercício, dispneia e dor de peito).
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Vacinar os mais jovens leva a uma menor transmissão comunitária, o que poderia proteger contra a circulação e aparecimento de novas variantes.
Título original: Myocarditis and Pericarditis Following mRNA COVID-19 Vaccination Updated June 23, 2021.
Referência: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/vaccines/safety/myocarditis.html
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