O ticagrelor somado à aspirina oferece melhor prognóstico nos pacientes que já sofreram um AVC e que têm um perfil cardiovascular de alto risco. Esses benefícios devem ser corretamente balanceados já que não estão livres de perigos.
A terapia antiplaquetária faz parte do tratamento padrão em pacientes com doença cardiovascular ou cerebrovascular. O ticagrelor mostrou em seu estudo pivô ser superior ao clopidogrel, especialmente graças a sua melhor segurança em termos de sangramento em pacientes cursando uma síndrome coronariana aguda.
Pensar que todos os territórios vasculares apresentam a mesma fisiopatologia e que a intervenção que demonstre utilidade em um deles vai necessariamente ser útil no resto dos territórios é um erro no qual já caímos demasiadas vezes. Não há caminhos curtos no conhecimento: por dita razão o ticagrelor continua sendo controverso nos AVCs e praticamente indiscutível nas síndromes coronarianas agudas.
Este trabalho publicado recentemente no Stroke se empenhou em realizar uma busca sistemática de todos os trabalhos publicados que compararam o ticagrelor com outro antagonista do receptor P2Y12 em combinação com aspirina ou vs. aspirina como monoterapia para tratar pacientes com alto risco de doença cardiovascular ou cerebrovascular (doença coronariana, síndromes coronarianas agudas, AVCs, acidentes isquêmicos transitórios ou doença vascular periférica).
O desfecho primário de eficácia foi a ocorrência de AVC e o desfecho de segurança foram os sangramentos e a mortalidade por qualquer causa.
Foram incluídos na metanálise 26 estudos randomizados com um total de 124.495 pacientes.
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Comparado com os controles, o ticagrelor combinado com a aspirina reduz em 20% o risco de AVC, o que é significativo (RR 0,80, IC 95%, 0,71 a 0,89). No entanto, aqueles que receberam ticagrelor como monoterapia não mostraram tão claramente esse benefício (RR 0,88, IC 95%, 0,77 a 1,00; p = 0,05).
Todos os estudos que incluíram um ramo de monoterapia (aspirina, ticagrelor, clopidogrel, etc.) mostraram uma taxa similar de sangramentos ao passo que qualquer combinação levou os sangramentos ao dobro vs. qualquer monoterapia.
A combinação de ticagrelor e aspirina não proporcionou benefícios em termos de mortalidade.
Conclusão
A combinação de ticagrelor com aspirina poderia trazer um benefício em termos de eventos recorrentes para os pacientes que apresentam um alto risco de doença aterosclerótica. O benefícios desta combinação em particular, e de qualquer outra combinação, paga o preço de incrementar os sangramentos, incluindo o sangramento intracraniano.
Título original: Network Meta-Analysis of Ticagrelor for Stroke Prevention in Patients at High Risk for Cardiovascular or Cerebrovascular Events.
Referência: Alexandra Bálint et al. Stroke. 2021 Aug;52(9):2809-2816. doi: 10.1161/STROKEAHA.120.032670.
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