Desde a última versão dos guias sobre valvopatias emitida pela Sociedade Europeia de Cardiologia surgiu muita evidência que foi se acumulando até tornar necessária esta atualização.
Resumimos aqui os “10 mandamentos” que surgem deste novo documento para nos mantermos com a informação mais atualizada.
- A incidência de valvopatias degenerativas continua se incrementando nos países desenvolvidos, sendo os pacientes idosos os mais afetados com múltiplas comorbidades. Por outro lado, a patologia reumática continua sendo frequente nos países em desenvolvimento.
- Deve-se colocar ênfase na avaliação centrada no paciente. Ao considerar uma intervenção é necessário ter em mente suas expectativas e valores. Isso só pode ser levado a cabo por uma equipe multidisciplinar que trabalhe em um centro dedicado às valvopatias.
- A ecocardiografia é a técnica fundamental para diagnosticar as valvopatias, medir a severidade e conhecer o prognóstico. Outros estudos como a tomografia, a ressonância magnética e os biomarcadores começam a ter um papel mais central.
- Baseando-se nos resultados de estudos randomizados sobre sua intervenção não são dadas definições sobre a severidade da insuficiência mitral secundária.
- Para prevenir um AVC em pacientes com fibrilação atrial são recomendados os anticoagulantes diretos em pacientes com estenose aórtica, insuficiência mitral ou aórtica e aqueles com próteses biológicas 3 meses após o implante. A antiagregação simples é recomendada para os pacientes submetidos a TAVI, não havendo outras indicações para a antiagregação.
- Em lugares com alta experiência cirúrgica e suporte pós-operatório pode-se considerar a intervenção precoce em pacientes assintomáticos e de baixo risco com estenose aórtica, insuficiência aórtica ou mitral e aqueles com insuficiência tricúspide.
- Nova informação de trabalhos randomizados e controlados que compararam o TAVI com a cirurgia contribuíram para esclarecer o papel de cada procedimento nos pacientes de baixo risco. Escolher a estratégia mais adequada (TAVI ou cirurgia) deve estar nas mãos de uma equipe multidisciplinar que considere a idade do paciente, o risco cirúrgico, as características clínicas e anatômicas (particularmente a factibilidade do acesso femoral), a experiência do centro e seus resultados, bem como as preferências do paciente.
- A reparação percutânea borda a borda foi comparada com o tratamento médico ótimo em insuficiência mitral secundária, resultando em uma elevação da recomendação da intervenção nos pacientes que cumpram com os critérios que predizem melhora clínica.
- Foi publicada uma grande quantidade de informação sobre o valve in valve; isso levou à elevação de sua recomendação.
- Por último, a partir da informação publicada sobre o tema, percebe-se um potencial da reparação tricúspide em pacientes inoperáveis e sintomáticos por insuficiência tricúspide.
Título original: The “ten commandments” for the 2021 ESC/EACTS Guidelines on valvular heart disease.
Referência: Alec Vahanian et al. Eur Heart J. 2021 Nov 1;42(41):4207-4208. doi: 10.1093/eurheartj/ehab626.
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