Quando comparado com a cirurgia, o TAVI demonstrou seus benefícios em diferentes grupos de risco, não só em eventos como morte e AVC, mas também em qualidade de vida (especialmente nos primeiros meses após implante) e em melhora dos sintomas.
No entanto, nos pacientes de baixo risco observou-se um fenômeno de “catch-up” entre o primeiro e o segundo ano de seguimento que se relacionou com um benefício precoce do TAVI em termos de morte ou AVC incapacitante.
Esse fenómeno ainda não tinha sido analisado no TAVI com válvulas autoexpansíveis.
No presente trabalho foi feita uma análise Bayesiana do estudo Evolut Low Risk com seguimento de 2 anos para avaliar a não inferioridade do TAVI com válvulas autoexpansíveis em comparação com a cirurgia no que se refere à mortalidade por qualquer causa e ao AVC incapacitante.
Foram incluídos 1414 pacientes, dentre os quais 730 foram submetidos a TAVI e 684 a cirurgia de substituição aórtica (RVAO).
Não houve diferenças nas características das populações. A idade média foi de 74 anos, 35% dos pacientes eram mulheres, 30% eram diabéticos, a maioria tinha hipertensão, 15% apresentava fibrilação atrial, 3,5% tinha marca-passo prévio. A fração de ejeção foi de 61% e o STS Score foi de 2% para TAVI e de 1,9% para RVAO.
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Não houve diferenças em termos de morte ou AVC incapacitante em dois anos entre os grupos (4,3% TAVI vs. 6,3% cirurgia; p = 0,084). Tampouco houve divergências em termos de ditos eventos entre o primeiro e o segundo ano.
Em dois anos a taxa de mortalidade por qualquer causa foi de 3,5% em TAVI vs. 4,4% no grupo cirurgia (p = 0,366) e a de AVC incapacitante foi de 1,5% vs. 2,7% (p = 0,119), respectivamente. A presença de trombose valvar foi similar nas populações.
O TAVI apresentou menor gradiente, menor “mismatch” protético e uma área efetiva maior. Contudo, associou-se a uma menor quantidade de fugas paravalvares mínimas. Com relação à qualidade de vida, esta foi superior no TAVI em 20 dias e sem diferenças em 2 anos.
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Na análise Bayesiana os resultados foram comparáveis: 5,3% para TAVI e 6,7% para RVAO (diferença: -1,4%; 95% Intervalo Bayesiano de Credibilidade: -4,9% a 2,1%). Entre o primeiro e o segundo ano não houve convergência nas curvas dos desfechos primários.
Conclusão
No seguimento completo de dois anos do estudo Evolut Low Risk, chegou-se à conclusão de que o TAVI é não inferior à cirurgia nos desfechos primários de mortalidade ou AVC incapacitante, com taxas de eventos ligeiramente melhores aos preditos utilizando-se uma análise Bayesiana.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org
Título Original: 2-Year Outcomes After Transcatheter Versus Surgical Aortic Valve Replacement in Low-Risk Patients.
Referência: John K. Forrest, et al. J Am Coll Cardiol 2022;79:882–896.
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