A dupla antiagregação plaquetária (DAPT) após as ATC com stent demonstraram uma visível diminuição dos eventos trombóticos, especialmente nas síndromes coronarianas agudas (SCA). Contudo, a terapia traz como consequência um aumento do sangramento, especialmente em pacientes idosos, que cada vez mais são submetidos a ATC. Embora a maior parte de ditos sangramentos não sejam fatais (muitos deles são digestivos), tendem a gerar mais internações e um aumento dos custos em saúde.
A investigação sobre o uso de DAPT em períodos mais curtos não é nova e os resultados até agora são alentadores; no entanto, ainda não está clara sua indicação nos pacientes com síndromes coronarianas agudas.
O presente resumo retoma uma análise do estudo TWILIGHT (Ticagrelor With Aspirin or Alone in High-Risk Patients After Coronary Intervention), no qual foram comparados pacientes com e sem infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio, fazendo foco especialmente em como evoluíram em função de receber DAPT durante 12 meses ou DAPT durante 3 meses e depois monoterapia com ticagrelor mais placebo até os doze meses.
Randomizaram-se 6532 pacientes, 4595 sem IAM prévio (IAMP) (70,3%) e 1937 com IAMP (29,7%).
Não houve diferenças significativas entre as duas populações, exceto pela existência de tabagismo e doença de múltiplos vasos nos pacientes que receberam ticagrelor mais aspirina no grupo sem IAMP. Nos pacientes com IAMP houve uma maior proporção de diabetes insulinodependente, dislipidemia, hipertensão, doença de múltiplos vasos, ATC e CRM.
Em um ano de seguimento a taxa global de sangramento foi similar entre os pacientes com e sem IAMP (5% vs. 5,5%, respectivamente). Entretanto, quando se comparou os que tinham IAMP com os que não tinham IAMP e haviam recebido ticagrelor mais placebo, estes apresentaram menos sangramento (3,4% vs. 6,7%; HR: 0,50; 95% CI: 0,33-0,76 e 4,2% vs. 7,0%; HR: 0,58; 95% CI: 0,45-0,76, respectivamente).
A ocorrência de morte, IAM ou AVC foi maior entre os que apresentaram IAMP (5,7% vs. 3,2%; p < 0,001).
Não houve diferença em termos de morte cardíaca, infarto não fatal, AVC não fatal, sangramento BARC 2, 3 ou 5, trombose definitiva ou provável.
Conclusão
A monoterapia com ticagrelor se associou a uma significativa redução de risco de eventos de sangramento em comparação com ticagrelor mais aspirina, sem comprometimento de eventos isquêmicos entre os pacientes de alto risco com história de infarto que foram submetidos a angioplastia.
Dr. Carlos Fava.
Miembro del Consejo Editorial de SOLACI.org
Título Original: Ticagrelor Monotherapy After PCI in High-Risk Patients With Prior MI. A Prespecified TWILIGHT Substudy.
Referência: Mauro Chiarito, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2022;15:282–293.
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