A prevalência de lesões coronarianas com comprometimento de bifurcações é de aproximadamente 20% dos pacientes que são submetidos a ATC. Embora globalmente a técnica de stent provisional seja a mais aceita, os guias de revascularização miocárdica de 2018 recomendam a técnica com 2 stents para bifurcações complexas, definida como ramo lateral com lesão > 5 mm, diâmetro de referência distal do ramo lateral ≥ 2,75, ou dificuldade de acessar o ramo lateral em situações em que tenha havido um implante de stent prévio no vaso principal.
O estudo prospectivo, multicêntrico e randomizado DEFINITION II demonstrou uma melhora significativa em resultados clínicos em um ano com a técnica de 2 stents em pacientes com bifurcações coronarianas complexas. No entanto, não há informação sobre os benefícios da técnica a longo prazo.
O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados clínicos de 3 anos de seguimento após a técnica de 2 stents vs. stent provisional.
O desfecho primário (DP) foi o fracasso da lesão tratada (TLF), que incluiu morte cardiovascular, IAM relacionado com o vaso tratado e revascularização do vaso tratado guiada pela clínica (TVF). O desfecho de segurança foi a trombose de stent.
Foram incluídos 635 pacientes, 328 no grupo 2 stents e 325 no grupo stent provisional (PS). A idade média foi de 63 anos e a maioria eram homens. A diabetes esteve presente em 34% dos pacientes e a forma de apresentação clínica mais frequente foi a angina instável.
No grupo PS, 22% da população requereu stent no ramo lateral por resultados subótimos. Além disso, o tratamento prévio do ramo lateral aumentou os requerimentos do uso adicional de stent no grupo PS (32% vs. 14%; P < 0,001). Não houve diferenças entre os dois grupos no que se refere a utilização de POT e kissing balloon. A utilização de IVUS foi de 27%.
O DP em 3 anos foi de 16% no grupo PS e de 10% no grupo 2 stents (HR: 0,63; 95% CI: 0,41-0,97; p = 0,035), isso devido ao predomínio de um aumento de IAM (8,0% vs. 3,7%; HR: 0,63; 95% CI: 0,41-0,97; p = 0,035) e de revascularização do vaso tratado (HR: 0,50; 95% CI: 0,26-0,96; p = 0,038) no grupo PS. Não houve diferenças no desfecho de segurança entre os dois grupos.
Entre os pacientes do grupo PS, aqueles que requeriam 2 stents tinham maior TLF, atribuído à alta taxa de repetição de revascularização. Finalmente, naqueles pacientes que apresentavam complicações intraprocedimento houve uma maior taxa de TLF em um ano em comparação com aqueles pacientes que não apresentaram complicações.
Conclusão
Para pacientes com bifurcações complexas que chegam a 1 ano pós-procedimento sem eventos persiste o risco de futuros eventos.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: 3-Year Outcomes After 2-Stent With Provisional Stenting for Complex Bifurcation Lesions Defined by DEFINITION Criteria.
Referência: Jing Kan, MBBS et alJ Am Coll Cardiol Intv 2022;15:1310–1320.
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