Abordagem retrógrada em CTO: diferenças na tentativa primária vs. secundária

As oclusões totais crônicas abordadas de maneira bem-sucedida se encontram em um constante crescimento, sobretudo em centros de grande volume, ao contar com material mais dedicado e distintas técnicas de abordagem, como a retrógrada. Mas, apesar de ter aumentado significativamente o índice de sucesso com essa técnica, também aumentaram as complicações relacionadas com a mesma. 

Abordaje Retrógrado en CTO: diferencias en el intento primario vs secundario

O objetivo deste estudo foi avaliar a frequência e os desfechos de uma abordagem retrógrada primária vs. secundária. 

Fez-se uma busca na base de dados do registro PROGRESS-CTO. Definiu-se como abordagem primária aqueles casos nos quais a primeira tentativa de cruzamento foi retrógrada, ao passo que a abordagem secundária foi definida como aqueles casos nos quais a abordagem retrógrada foi posterior a uma falha na abordagem anterógrada. 

Obtiveram-se dados de 2789 pacientes, com idade média de 64,8 anos, dentre os quais 85% eram de sexo masculino. A abordagem retrógrada foi usada como estratégia primária em 1086 casos (38,9%), ao passo que a abordagem secundária posterior a uma falha se deu em 1703 casos (60,1%). Os pacientes no grupo primário tiveram maior índice de cirurgia de revascularização miocárdica (52,9% vs. 38,4%; p < 0,001). A artéria com CTO mais tratada foi a coronária direita (71%) e o escore PROGRESS-CTO foi maior no grupo primário. 

As intervenções na abordagem secundária duraram mais (180 min vs. 175 min), houve maior radiação kerma (1,8 Gy vs. 1,4 Gy) e maior volume de contraste (270 ml vs. 250 ml). Tanto o índice de sucesso técnico (81,4% vs. 77,3%; p < 0,001) quanto o do procedimento (78,6% vs. 74,1%; p < 0,001) foram significativamente maiores no grupo primário. 

Leia também: É importante a causa da insuficiência mitral no MitraClip?

O índice de eventos cardiovasculares maiores (MACE) intra-hospitalares foi comparável entre os grupos (4,3% vs. 4%; p = 0,66), sendo baixa a mortalidade intra-hospitalar nas duas estratégias. Não houve diferenças significativas na incidência de nova revascularização (0,37% vs. 0,59%; p = 0,43), AVC (0,4% vs. 0,2%; p = 0,52) ou perfuração (8,8% vs. 10,7%; p = 0,11). 

Conclusões

Observou-se em um importante número de pacientes que a escolha primária da abordagem retrógrada apresentou maior índice de sucesso técnico, bem como de sucesso do procedimento em comparação com a abordagem secundária. A abordagem retrógrada pode ser usada com primeira escolha em alguns casos, sobretudo nas CTOs longas, tortuosas e com CAP proximal ambíguo. Tais resultados não são aplicáveis para todas as CTOs, já que sabemos que inicialmente a abordagem deveria ser anterógrada. 

Dr. Omar Tupayachi

Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Primary vs Secondary Retrograde Approach in Chronic Total Occlusion Percutaneous Coronary Interventions.

Fonte: Kostantinis, Spyridon et al. “Primary vs Secondary Retrograde Approach in Chronic Total Occlusion Percutaneous Coronary Interventions.” The Journal of invasive cardiology vol. 34,9 (2022): E672-E677.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...