Na atualidade há um importante grupo de pacientes que apresentam doença da valva mitral com alto risco para cirurgia, especialmente aqueles com deterioração de uma válvula cirúrgica biológica, severa calcificação do anel mitral ou os que foram submetidos a implante de um anel mitral em uma cirurgia.
O tratamento percutâneo com uma válvula balão-expansível é uma opção válida, já que seus resultados em 30 dias e 12 meses são muito alentadores. Não obstante, não conhecemos seu benefício para além de um ano.
Foi feita uma análise do seguimento de dois anos do Mitral Trial em que foram incluídos pacientes submetidos a implante de válvula percutânea expansível por balão SAPIENS XT ou SAPIENS 3 em posição mitral devido a falha de uma bioprótese cirúrgica (MVIV), falha de um anel cirúrgico mitral (MVIR) ou por calcificação severa do anel da valva mitral (MIMAC).
Foram incluídos 30 pacientes com MVIV, 30 com MVIR e 31 com VIMAC.
Dentre os que apresentaram VIMAC, a idade média foi de 75 anos, com 71% de mulheres, 39% de diabete e 63% de fração de ejeção. A neovia de saída do ventrículo esquerdo foi de 160 mm2 e o STS foi de 8,6%.
No grupo MVIR a idade média foi de 72 anos, 37% da população esteve composta por mulheres, houve 30% de diabete, 13% de pacientes dependentes de oxigênio, a fração de ejeção do ventrículo esquerdo foi de 47%. A neovia de saída do ventrículo esquerdo foi de 440 mm2 e o STS foi de 8,7%.
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No grupo MVIV a idade média foi de 76 anos, 63% de mulheres, 20% de diabete, 10% de pacientes dependentes de oxigênio e a fração de ejeção do ventrículo esquerdo foi de 56%. A neovia de saída do ventrículo esquerdo foi de 330 mm2 e o STS foi de 10,2%.
Em dois anos de seguimento a mortalidade por qualquer causa para VIMAC, MVIR e MVIV foi de 39%, 43,3% e 6,7% e a mortalidade cardiovascular foi de 21,4%, 17% e 3,3%, respectivamente.
A presença de gradiente de insuficiência mitral ≥ 2+ foi de 5,6% e 100% em VIMAC; 5,2% mmHg e 100% em MVIR; e 5,5% e 96% em MVIV.
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Todos melhoraram a classe funcional e a qualidade de vida de forma significativa.
Conclusão
A utilização de uma válvula balão-expansível em pacientes selecionados com severa calcificação do anel mitral, falha de anuloplastia com anel mitral ou disfunção protética de uma válvula biológica se associou a uma melhora nos sintomas, na qualidade de vida e uma estabilidade na função da bioprótese em dois anos de seguimento. Entre o primeiro e o segundo ano os pacientes que apresentavam um anel mitral tiveram maior mortalidade em comparação com os que apresentavam válvula biológica ou calcificação severa tratados com uma válvula percutânea expansível por balão.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: 2-Year Outcomes of Transcatheter Mitral Valve Replacement in Patients With Annular Calcification, Rings, and Bioprostheses.
Referência: Mackram F. Eleid, et al. J Am Coll Cardiol 2022;80:2171–2183.
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