O TAVI já demonstrou seu benefício em diferentes grupos de risco. O estudo PARTNER 2 SAPIEN 3 (P2S3i) em risco intermediário foi o primeiro a demonstrar superioridade vs. a cirurgia utilizando o acesso femoral.
A durabilidade da cirurgia foi demonstrada em diferentes análises, mas no TAVI ainda não dispomos de seguimentos de longo prazo, exceto alguns relatos. No entanto, não existe informação dos grandes estudos randomizados.
Foi feita uma análise do P2S3i comparando os resultados com os pacientes que foram submetidos a cirurgia no estudo PARTNER 2.
O desfecho primário (DP) foi morte ou AVC incapacitante.
Devido às diferenças entre as populações, foi levado a cabo um emparelhamento mediante propensity score, ficando 783 pacientes em cada grupo.
A idade média foi de 81 anos, 57% da população estava composta por homens, o STS de mortalidade foi de 5,5%, 35,5% apresentava diabete, 93% hipertensão, 68% doença coronariana, 16% tinha sofrido um infarto, 28% tinha sido submetida a uma angioplastia coronariana (ATC), 26% a uma cirurgia de revascularização miocárdica (CRM), 9,2% tinha sofrido um AVC, 20% tinha lesões carotídeas, 6% insuficiência renal, 28% DPOC, 9% apresentava miocardiopatias e 35% fibrilação atrial.
A AVAO foi de 0,69 cm2, o gradiente médio de 45 mmHg, a fração de ejeção de 57% e a presença de insuficiência mitral foi de 12%.
Depois de um seguimento de 5 anos, não foram encontradas diferenças significativas no DP (40,2% para TAVI vs. 42,7% para cirurgia; HR: 0,87; 95% CI: 0,74-1,03; p = 0,10). A mortalidade por qualquer causa foi similar (39,2% vs. 41,4%; HR 0,90; 95% CI: 0,76-1,06; p = 0,21). Porém, observou-se uma menor incidência de AVC incapacitante no grupo TAVI (5,8% vs. 7,9%; HR: 0,66; 95% CI: 0,43-1,00; p = 0,0046). Essa diferença está relacionada sobretudo com a presença de AVC incapacitante no primeiro ano, sem diferenças significativas depois do primeiro ano até o quinto ano. Não foram observadas diferenças na presença de deterioração estrutural, falha da bioprótese ou em termos de regurgitação paravalvar. Ao contrário, observou-se uma maior presença de regurgitação leve nos pacientes que foram submetidos a TAVI. A área valvar aórtica foi maior no grupo TAVI (1,6 cm2 vs. 1,4 cm2; p > 0,0001), sem diferenças no gradiente médio.
Não houve diferenças em termos de hospitalizações nem mortalidade por causas cardiovasculares ou por qualquer causa.
Conclusão
Nesta análise que utilizou um propensity score em pacientes de risco intermediário, após 5 anos de seguimento a taxa de morte e AVC incapacitante foi similar entre o TAVI e a cirurgia. A taxa de deterioração estrutural relacionada com a alteração hemodinâmica foi similar mas a regurgitação paravalvar foi mais comum depois do TAVI com a válvula SAPIEN 3. É necessário realizar um seguimento de longo prazo para avaliar as diferenças clínicas e a durabilidade da válvula bioprotética.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Outcomes of SAPIEN 3 TranscatheterAortic Valve Replacement Compared With Surgical Valve Replacement in Intermediate-Risk Patients.
Referência: Mahesh V. Madhavan, et al. J Am Coll Cardiol 2023;82:109–123.
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