Os efeitos da diabete em pacientes com doença coronariana são amplamente conhecidos e, depois de uma angioplastia, os resultados tendem a ser menos favoráveis, com uma maior taxa de reestenose, recorrência de infarto do miocárdio (IAM) e trombose do stent. Apesar dos avanços nos stents eluidores de fármaco e nas técnicas de procedimento, o tratamento de lesões coronarianas em bifurcação em pacientes diabéticos mostra resultados clínicos menos satisfatórios e uma menor taxa de sucesso em comparação com lesões coronarianas menos complexas.
O objetivo deste estudo retrospectivo e observacional baseado em dados do mundo real foi analisar o impacto da diabete nos resultados da angioplastia transluminal coronariana (ATC) em bifurcações utilizando stents de segunda geração. Além disso, o estudo visou a identificar os fatores preditivos de eventos adversos em pacientes diabéticos durante o seguimento.
O desfecho primário (DP) foi definido como a taxa de eventos adversos cardiovasculares maiores (MACE), que incluiu a combinação de morte por todas as causas, infarto do miocárdio (IAM) ou a necessidade de uma nova revascularização da lesão tratada (TLR).
A análise incluiu um total de 5537 pacientes, dentre os quais 33% tinham diabetes. Os pacientes diabéticos eram, em média, de maior faixa etária e apresentavam uma maior prevalência de doença renal (p < 0,001), hipertensão (p < 0,001), dislipidemia (p < 0,001), IAM prévio (p = 0,02), ATC prévia (p < 0,001) e cirurgia de revascularização coronariana prévia (p ; 0,006). A partir de uma perspectiva angiográfica, este grupo de pacientes tinha uma maior incidência de doença difusa (p < 0,001) e calcificação severa (p < 0,001), embora não tenham sido observadas diferenças significativas no que se refere ao comprometimento do tronco da coronária esquerda e à classificação de Medina.
No tocante aos resultados, em 21 meses observou-se uma taxa significativamente maior de MACE nos pacientes diabéticos em comparação com os não diabéticos (17% vs. 9%; p < 0,001). Este achado também se refletiu na incidência de morte por todas as causas (9% vs. 4%; p < 0,001), TLR (5% vs. 3%; p = 0,001), IAM (4% vs. 2%; p < 0,001) e trombose do stent (2% vs. 1%; p = 0,007).
Em relação aos fatores preditivos de MACE em pacientes diabéticos, a doença renal crônica (HR: 2,99; IC: 2,21–4,04; p < 0,001), a fração de ejeção basal (HR: 0,98; IC: 0,97–0,99; p = 0,04), o acesso femoral (HR: 1,62; IC: 1,23–2,15; p = 0,001), o comprometimento do tronco da coronária esquerda (HR: 1,44; IC: 1,06–1,94; p = 0,02), o diâmetro do ramo principal (HR: 0,79; IC: 0,66–0,94; p = 0.0,1) e a utilização do kissing balloon no final (HR: 0.70; IC: 0.52–0.93, p = 0.01) foram fatores independentes preditivos de MACE durante o seguimento.
Conclusão
Os pacientes diabéticos submetidos a ATC em bifurcações com a utilização de stents eluidores de fármaco de segunda geração apresentaram uma maior incidência de MACE, morte por todas as causas, TLR e trombose do stent em comparação com os pacientes não diabéticos.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Impact of diabetes on long‐term outcomes of bifurcation percutaneous coronary intervention. An analysis from the BIFURCAT registry.
Referência: Francesco Bruno MD et al Catheter Cardiovasc Interv. 2023;1–11.
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