O índice de iFR foi validado como uma ferramenta útil para a análise das lesões intermediárias, com a vantagem de não requerer o uso de drogas. Contudo, sua aplicação para avaliar os resultados das angioplastias ainda não foi completamente analisada, embora existam dados alentadores.
No estudo DEFINE PCI, 24% dos casos apresentaram um iFR ≤ 0,89 com uma angiografia bem-sucedida. Os pacientes nos quais o iFR foi ≥ 0,95 despois de um ano de seguimento mostraram uma menor incidência de mortalidade cardiovascular, infarto e revascularização guiada por isquemia.
Uma análise do estudo DEFINE PCI incluiu a avaliação de 506 vasos, dentre os quais 61,5% correspondia à coronária direita (DA) e 38,5% a outras artérias (99 à coronária esquerda e 96 à artéria circunflexa). Foram excluídos os pacientes com dois vasos que incluíam o tronco da coronária esquerda (TCE).
O desfecho primário em 12 meses foi a TVF, definida como a combinação de morte cardiovascular, infarto e TVR guiada por isquemia.
Não foram observadas diferenças significativas em relação à presença de bifurcações (4%), comprimento (21.2 mm), diâmetro do stent utilizado (3,0 mm) nem no que se refere à máxima pressão dos balões (18 ATM).
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Na DA, as lesões calcificadas foram mais frequentes (43,4% vs. 29,7%, p = 0,002), o diâmetro do vaso de referência foi menor (2,73 mm vs. 2,84 mm, p < 0,0001) e foi requerida uma maior pós-dilatação (63,8% vs. 51,5%, p = 0,007).
Antes da angioplastia coronariana (ATC), o iFR das lesões na DA foi maior (0,82 [0,63-0,86] vs. 0,72 [0,49-0,84]; p < 0,0001). Depois da ATC não houve diferenças angiográficas na lesão residual, que foi de 19%.
A presença de um iFR subótimo (< 0,95) foi maior na DA (77,8% vs. 22,6%, p < 0,0001), do mesmo modo que a presença de lesões residuais focais intrastent (53,7% vs. 27,3%, p = 0,0009). Não foram observadas diferenças no desfecho primário em 12 meses entre os grupos.
Nos dois grupos a melhora do iFR depois da ATC se associou significativamente a uma diminuição da angina e a uma melhora na qualidade de vida.
Os preditores independentes de um iFR baixo depois da ATC na DA foram a idade, uma superfície corporal grande e vasos pequenos; ao passo que nas lesões que não envolveram a DA, foram as calcificações e o diâmetro do vaso de referência.
Conclusão
Em síntese, após uma ATC com angiografia bem-sucedida, o iFR posterior foi menor nas lesões da DA do que nas lesões que não envolveram a DA, o que resultou em uma alta prevalência de um iFR subótimo na DA. Tal disparidade é atribuída em parte a uma maior frequência de um gradiente residual focal dentro do segmento do stent, que poderia se beneficiar de uma ATC mais agressiva.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Changes in post-PCI physiology based on anatomical vessel location: a DEFINE PCI substudy.
Referência: Mitsuaki Matsumura, et al. EuroIntervention 2023;19-online publish-ahead-of-print November 2023.
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