A utilização do ultrassom intravascular (IVUS) para guiar as angioplastias coronarianas (ATC) demonstrou reduzir o risco de eventos adversos maiores em inúmeros estudos randomizados e controlados, bem como em registros e metanálises.
Os guias atuais recomendam o uso do IVUS em casos de doença do tronco da coronária esquerda e lesões complexas. A proporção de ATC complexas tem aumentado e o mesmo pode ser dito em relação à experiência dos operadores.
Vários estudos demonstraram que os centros com alto volume ou com operadores experientes se associam com uma significativa redução do risco de eventos adversos cardiovasculares em comparação com centros de baixo volume ou com operadores menos experientes.
O objetivo deste estudo retrospectivo e observacional foi avaliar a associação entre a experiência do operador e a complexidade da lesão, a relação entre a experiência do operador e os resultados clínicos a longo prazo, e a interação entre a experiência do operador e os efeitos da utilização de IVUS nos resultados clínicos a longo prazo.
O desfecho primário (DP) foi uma combinação de morte cardiovascular ou infarto agudo do miocárdio do vaso tratado (TVMI) em 10 anos. O desfecho secundário (DS) incluiu a taxa de morte cardíaca, infarto agudo do miocárdio, TVMI, trombose do stent definido ou provável e revascularização da lesão tratada guiada por isquemia (TLR), tudo isso em 10 anos.
Entre os pacientes com doença coronariana complexa, 63,4% foram submetidos a ATC sob os cuidados de operadores experientes, ao passo que em 36,6% dos casos os operadores eram menos experientes.
Os operadores experientes utilizaram IVUS mais frequentemente em lesões complexas e tinham um maior volume anual de ATC em comparação com os operadores menos experientes. Além disso, os pacientes tratados pelos operadores experientes apresentaram um maior escore de SYNTAX, um maior número de lesões, lesões mais extensas e um maior comprometimento do tronco da coronária esquerda. Por sua vez, os pacientes nos quais se utilizou IVUS para guiar a ATC eram mais jovens e tinham menos fatores de risco cardiovasculares, menos antecedentes de infarto agudo do miocárdio e menos eventos cerebrovasculares.
No tocante aos resultados, os pacientes sob os cuidados de operadores experientes tiveram um menor risco de morte cardíaca ou TVMI em comparação com aqueles pacientes sob os cuidados de operadores menos experientes (HR: 0,779; IC de 95%: 0,663-0,915; p = 0,002). O uso do IVUS esteve associado com um risco significativamente menor de morte cardíaca e TVMI que o uso de angiografia para guiar a ATC, tanto para os operadores menos experientes (23,5% vs. 11,4%; HR: 0,477; IC de 95%: 0,337-0,673; p < 0,001) como para os operadores experientes (18,0% vs. 13,5%; HR: 0,747; IC de 95%: 0,559-0,998; p = 0,048). Observou-se uma interação significativa para o risco de morte cardíaca ou TVMI entre o uso de IVUS e a experiência do operador (p = 0,037).
Conclusão
Entre os pacientes com doença coronariana complexa, a utilização de IVUS para guiar a ATC se associou a melhores resultados a longo prazo em comparação com a ATC guiada por angiografia, sem levar em conta a experiência do operador. Além do mais, os efeitos benéficos do IVUS foram mais perceptíveis quando a ATC complexa foi realizada por operadores menos experientes.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Prognostic Impact of Operator Experience and IVUS Guidance on Long-Term Clinical Outcomes After Complex PCI.
Referência: Ki Hong Choi, MD, PHD et al J Am Coll Cardiol Intv 2023;16:1746–1758.
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