O TAVI pode se associar com a trombose valvar precoce, caracterizada pela formação de trombo na válvula protética, com ou sem disfunção valvar. Tal disfunção se relaciona com uma maior espessura e uma redução da mortalidade da valva, bem como com uma diminuição da área do orifício ou com o aumento do gradiente transvalvar. A tomografia computadorizada multislice (TC) permite uma avaliação dinâmica da valva e a diferenciação entre a trombose a fibrose.
A trombose subclínica detectada por TC se caracteriza por uma espessura da valva hipoatenuada (HALT) e uma redução da motilidade da valva (RLM). Dito fenômeno pode ser identificado em até 10% ou 30% dos pacientes, e alguns estudos vincularam a trombose subclínica com eventos tromboembólicos. Registros como o GALILEO (Global Study Comparing a Rivaroxaban-Based Antithrombotic Strategy to an Antiplatelet-Based Strategy After Transcatheter Aortic Valve Replacement to Optimize Clinical Outcomes) e o ATLANTIS (Anti-Thrombotic Strategy to Lower All Cardiovascular and Neurologic Ischemic and Hemorrhagic Events after Trans-Aortic Valve Replacement for Aortic Stenosis) sugerem o potencial uso de anticoagulantes para prevenir a trombose subclínica.
O ATLANTIS, um estudo multicêntrico e randomizado, comparou a estratégia de usar apixabana com o tratamento padrão após o TAVI. O subestudo ATLANTIS-4D-CT tinha como objetivo avaliar a incidência de trombose obstrutiva subclínica em 90 dias, bem como sua associação com eventos clínicos em 1 ano e o efeito do tratamento.
O desfecho primário (DP) foi a presença de ao menos uma valva com redução de motilidade de grau III ou IV, definido como disfunção moderada a severa. O desfecho secundário (DS) foi a presença de trombo e a área valvar medida por planimetria, além de eventos isquêmicos em um ano.
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Na análise de 762 pacientes submetidos a TC 4D, 370 foram designados ao grupo apixabana e 392 ao grupo de tratamento padrão. A idade média foi de 82 anos e a maior parte da população estava composta por mulheres.
O DP ocorreu em 13% no grupo de tratamento padrão vs. 8,9% no grupo apixabana. O uso de apixabana reduziu significativamente a porcentagem de pacientes com disfunção significativa em comparação com o tratamento padrão (1,4% vs. 7,1%). A apixabana também reduziu em 49% o grau III ou IV de RLM ou HALT em pacientes sem indicação de anticoagulação, sem diferenças em pacientes com indicação de anticoagulação. Não houve diferenças em termos de DS.
Conclusão
O uso de apixabana como estratégia antitrombótica após o TAVI diminui o risco de trombose valvar em pacientes sem indicação de anticoagulação a longo prazo, sem aumentar eventos tromboembólicos ou sangramento. No entanto, é necessário ser cuidadosos ao interpretar os resultados devido ao design do subestudo. Futuras pesquisas são necessárias para avaliar o uso de doses baixas de apixabana em populações de baixo risco.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Apixaban and Valve Thrombosis After Transcatheter Aortic Valve Replacement. The ATLANTIS-4D-CT Randomized Clinical Trial Substudy.
Referência: Gilles Montalescot, MD et al J Am Coll Cardiol Intv 2022.
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