A presença de calcificação severa nas coronárias se relaciona com diversos fatores como a idade, a hipertensão, a dislipidemia, o tabagismo e a insuficiência renal, para citar alguns, e continua sendo um dos desafios durante o implante do stent devido a suas repercussões no avanço do dispositivo, na eluição do fármaco e na adequada colocação.
A litotripcia intravascular (IVL) é uma tecnologia que utiliza ultrassom através de um balão para tratar as lesões calcificadas. No entanto, atualmente carecemos de estudos extensos e, em geral, as síndromes coronarianas agudas (SCA) não foram incluídas nos mesmos.
O estudo REPLICA EPIC-18 incluiu 422 pacientes com 456 lesões calcificadas tratadas com IVL, dentre os quais, 157 (37,2%) apresentavam síndrome coronariana crônica (SCC) e 265 tinham diagnóstico de SCA.
O desfecho primário de eficácia (DPE) foi definido como a angioplastia coronariana bem-sucedida com uma lesão residual < 20% sem complicações hospitalares, ao passo que o desfecho primário de segurança (DPS) foi a presença de eventos cardíacos adversos maiores (MACE) em 30 dias, definidos como a combinação de morte, infarto ou revascularização do vaso tratado (TVR).
A idade média da população foi de 73 anos, com 84% dos pacientes apresentando hipertensão, 52% diabetes, 17% doença vascular periférica, 37% infarto prévio, 41% angioplastia coronariana prévia, 10% cirurgia de revascularização miocárdica prévia e 21% deterioração da função renal.
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75% dos pacientes tinham uma SCA, 70% apresentavam função ventricular conservada e 6% mostravam deterioração severa da mesma.
A abordagem foi, em 76% dos casos, por acesso radial, e 49% das lesões foram consideradas não dilatáveis. A artéria coronariana tratada mais frequentemente com IVL foi a descendente anterior (DA), em 44,5% dos casos, seguida da coronária direita (CD), em 32% dos casos, da circunflexa (CX), em 21,2% dos casos, e do tronco da coronária esquerda, em 11% dos casos. A estenose residual após o implante do stent foi de 15% ± 13 mm.
O DPE foi alcançado em 66% dos casos e o DPS em 96,4%, com uma maior tendência de MACE nos SCA em comparação com os SCC (4,5% vs. 1,3%; p = 0,073).
Não foram observadas diferenças significativas quanto à mortalidade, infarto ou TVR.
Os preditores de falta de expansão do stent foram o comprimento da obstrução, o diâmetro de referência e a porcentagem de obstrução.
Conclusão
A litotripcia coronariana demonstrou ser um procedimento factível e seguro no “mundo real”, facilitando de maneira efetiva o implante do stent em lesões severamente calcificadas. Embora os pacientes com SCA tenham apresentado taxas similares de sucesso, mostraram uma tendência a uma maior incidência de MACE no seguimento de 30 dias em comparação com os pacientes com SCC.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: A Prospective, Multicenter, Real-World Registry of Coronary Lithotripsy in Calcified Coronary Arteries. The REPLICA-EPIC18 Study.
Referência: Oriol Rodriguez-Leor, et al J Am Coll Cardiol Intv 2024;17:756–767.
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