A maioria dos ensaios que demonstraram um benefício relacionado com o tratamento com betabloqueadores depois de um infarto do miocárdio incluíram pacientes com IAM extensos e foram levados a cabo na era prévia ao diagnóstico de IAM com biomarcadores e ao tratamento com angioplastia coronariana, utilização de agentes antitrombóticos e estatinas de alta intensidade, e antagonistas do sistema renina-angiotensina-aldosterona.
O objetivo deste estudo multicêntrico e randomizado foi avaliar o benefício potencial do tratamento com betabloqueadores após o IAM em pacientes com função sistólica do ventrículo esquerdo preservada na era atual de tratamento percutâneo e tratamento médico.
O desfecho primário (DP) foi uma combinação de morte por todas as causas e IAM não fatal. O desfecho secundário (DS) foi uma combinação de morte por todas as causas, IAM e hospitalização por insuficiência cardíaca. Além disso, foi apresentado um desfecho de segurança que incluiu hospitalização por bradiarritmia, hipotensão ou síncope, hospitalização por asma ou DPOC e hospitalização por acidente vascular cerebral.
Incluíram-se 5020 pacientes que foram randomizados, 2508 a receber tratamento com betabloqueador (metoprolol ou bisoprolol) e 2512 a tratamento convencional. A idade média da população foi de 65 anos e a mesma esteve composta majoritariamente por homens. A mediana de seguimento foi de 3,5 anos. 35% dos pacientes se apresentavam com IAM com elevação do segmento ST. 17% apresentavam doença de tronco da coronária esquerda e três vasos, e a maioria recebeu tratamento percutâneo com ATC (96%), ao passo que os 4% restantes foram submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica.
No tocante ao DP, foi observada uma taxa de 7,9% no grupo de betabloqueadores vs. 8,3% no grupo de tratamento convencional (HR 0,96; IC de 95%: 0,79-1,16; p = 0,64). Não foram observadas diferenças no que se refere ao DS e ao desfecho de segurança.
Conclusão
Entre os pacientes com infarto agudo do miocárdio que foram submetidos a uma angiografia coronariana precoce e tinham uma fração de ejeção do ventrículo esquerdo preservada (≥ 50%), o tratamento com betabloqueadores a longo prazo não mostrou menor risco de morte por qualquer causa ou novo IAM ou novo infarto do miocárdio em comparação com não usar tratamento com betabloqueadores.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Beta-blockers after Myocardial Infarction and Preserved Ejection Fraction.
Referência: Troels Yndigegn et al ACC 2024.
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