Revascularização completa inicial vs. revascularização por etapas em pacientes com IMACEST e doença de múltiplos vasos

A presença de doença de múltiplos vasos ocorre em até 40% dos pacientes com infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMCEST) submetidos a angioplastia coronariana primária (ATC primária). Existe controvérsia sobre o momento ótimo para revascularizar as lesões não culpadas nesses pacientes sem choque cardiogênico. A recomendação dos guias europeus é completar a revascularização durante o procedimento inicial ou dentro dos 45 dias em pacientes com IAMCEST e doença de múltiplos vasos sem choque cardiogênico (Classe de Recomendação I, Nível de Evidência A). 

IAM y múltiples vasos, ¿podemos realizar un solo procedimiento?

O estudo BioVasc demonstrou a não inferioridade da estratégia de revascularização completa inicial versus a revascularização completa por etapas em pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) com ou sem elevação do segmento ST. Além disso, a revascularização completa inicial se associou a uma redução de eventos de infarto do miocárdio e revascularização não planejada guiada por isquemia. 

O objetivo desta subanálise do estudo BioVasc, um ensaio multicêntrico, prospectivo e randomizado de não inferioridade, foi avaliar os resultados clínicos da revascularização completa inicial (ICR) versus a revascularização completa por etapas (SCR) em pacientes com IAMCEST. 

O desfecho primário (DP) foi uma combinação de morte por todas as causas, IAM, revascularização não planejada guiada por isquemia ou eventos cerebrovasculares até 1 ano após o procedimento índice. O desfecho secundário (DS) incluiu o DP em 30 dias, os componentes individuais do DP em 30 dias e em um ano, trombose do stent, revascularização do vaso tratado e sangramento maior em 30 dias e em um ano. 

Leia Também: Como devemos fazer a revascularização nas síndromes coronarianas agudas?

Foram incluídos 608 pacientes, dentre os quais 305 foram designados ao grupo ICR e 303 ao grupo SCR. A idade média foi de 63 anos e a população esteve majoritariamente constituída por homens. A lesão culpada mais frequente se localizou na coronária direita, seguida da descendente anterior. A utilização de imagens intravasculares foi de 7,5% no grupo ICR versus 13,5% no grupo SCR (p = 0,012). A avaliação funcional mediante FFR/iFR das lesões não culpadas teve lugar em 13,4% em ICR e em 18,2% em SCR (p = 0,11). A quantidade de contraste utilizado foi maior no grupo SCR (p < 0,001). A estadia hospitalar foi mais curta no grupo ICR (3 dias) do que no grupo SCR (4 dias) (p < 0,001). 

No tocante aos resultados, o DP ocorreu em 7% dos pacientes do grupo ICR e em 8,3% dos pacientes do grupo SCR (HR 0,84, IC de 95%: 0,47-1,50; p = 0,55). Não houve diferenças estatisticamente significativas na análise individual dos componentes do DP. Em 30 dias de seguimento, observou-se uma tendência à redução do DP no grupo ICR (ICR: 3,0% vs. SCR: 6,0%, HR 0,50, IC de 95%: 0,22-1,11; p = 0,09).

Conclusão

Esta subanálise demonstrou que em pacientes com IAMCEST e doença de múltiplos vasos a estratégia de revascularização completa inicial e a revascularização completa por etapas apresentaram resultados clínicos similares em um seguimento de 1 ano. 

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Immediate versus staged complete revascularisation in patients presenting with STEMI and multivessel disease.

Referência: Paola Scarparo , MD et al EuroIntervention 2024;20:e865-e875.


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