Fibrilação atrial de recente diagnóstico em pacientes com síndrome coronariana aguda: resultados do registro FORCE-ACS

A fibrilação atrial (FA) é uma afecção comum em pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA). Aproximadamente 10% dos pacientes que são submetidos a uma intervenção coronariana percutânea (ICP) apresentam FA, ao passo que entre 25% e 35% dos pacientes com FA têm doença coronariana. O manejo conjunto de ambas as condições representa um desafio significativo, já que a combinação de anticoagulação oral (ACO) e dupla antiagregação plaquetária (DAPT), conhecida como terapia tripla, está associada a um elevado risco de complicações hemorrágicas. 

Existe uma limitada informação sobre o prognóstico e o tratamento antitrombótico ótimo em pacientes com FA de recente diagnóstico durante uma SCA. Estudos observacionais demonstraram que os pacientes com FA e SCA frequentemente recebem um tratamento inadequado, já que nem sempre recebem prescrição de ACO. Por isso, é crucial determinar se a FA recém diagnosticada leva a um maior risco de eventos tromboembólicos. 

O objetivo deste estudo multicêntrico e prospectivo foi avaliar a incidência de FA de novo em pacientes com SCA, comparar os resultados clínicos entre os pacientes sem FA, com FA de novo e com FA conhecida, e analisar o tratamento antitrombótico em relação com os eventos adversos cardiovasculares maiores (MACE), dando especial atenção aos eventos de acidente vascular cerebral (AVC).

O desfecho primário (DP) foi a taxa de MACE, definida como mortalidade por qualquer causa, infarto agudo do miocárdio (IAM) e AVC isquêmico. O desfecho secundário (DS) incluiu AVC isquêmico e complicações hemorrágicas. 

Leia também: ESC 2024 | REC-CAGEREE I Trial: balão com drogas com stenting de resgate vs. stent com drogas como terapia inicial para o tratamento de lesões de novo.

Foram incluídos no estudo 4433 pacientes com SCA, dentre os quais 81,2% não tinham FA, 9,9% tinham um diagnóstico recente de FA e 9% apresentavam FA conhecida. Os pacientes com FA de recente diagnóstico e FA conhecida eram mais velhos e apresentavam mais comorbidades do que aqueles sem FA (idade média de 71, 74 e 65 anos, respectivamente; p < 0,001). As taxas de tratamento com ACO no momento da alta hospitalar foram de 53,4% em pacientes com FA de novo e de 89,2% em pacientes com FA conhecida.  

A FA de novo se associou de maneira independente com um aumento na taxa de MACE, ao passo que a FA conhecida não mostrou dita associação (HR 1,52; IC 95%: 1,19-1,90 vs. HR 0,93; IC 95%: 0,70-1,23). Em pacientes com diagnóstico de SCA e FA de recente diagnóstico os episódios de FA com duração superior a 24 horas se associaram a um maior risco de MACE em comparação com episódios de duração inferior a 24 horas (HR 1,99; IC 95%: 1,36-2,93).

Conclusão 

Em pacientes com SCA, o diagnóstico recente de FA se associou com piores resultados em termos de MACE e AVC isquêmico. Naqueles com FA de recente diagnóstico, os episódios de FA que duraram mais de 24 horas se vincularam com piores desfechos quando comparados com episódios mais breves. Além disso, somente a metade dos pacientes com FA de novo receberam alta com ACO, em contraste com mais de 90% dos pacientes com FA conhecida. 

Título Original: Outcomes of newly diagnosed atrial fibrillation in patients with acute coronary syndromes.

Referência: Willem Lambertus (Wilbert) Bor, MD et al EuroIntervention 2024;20:996-1007.


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Dr. Andrés Rodríguez
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Membro do Conselho Editorial da solaci.org

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