A calcificação coronariana se associa à subexpansão do stent e a um maior risco de eventos adversos, tanto precoces quanto tardios. A aterectomia é uma ferramenta essencial para lesões não cruzáveis ou não dilatáveis, já que permite a ablação ou a fratura do cálcio.
O estudo ECLIPSE, um ensaio randomizado, comparou a aterectomia orbital (AO) com a angioplastia com balão (incluindo o cutting e scoring balloon) no tratamento de lesões severamente calcificadas antes da colocação de um stent eluidor de fármacos (DES).
Este estudo incluiu pacientes com síndromes coronarianas crônicas e agudas (sem elevação do segmento ST) e com lesões de novo com calcificação severa, determinada por angiografia ou IVUS/OCT, naqueles pacientes nos quais era possível preparar a placa com ambas as terapias.
Um total de 2005 pacientes foram recrutados em 104 centros dos Estados Unidos. A randomização foi de 1:1 e os principais critérios de avaliação foram: (1) uma análise de imagens que avaliou a área mínima do stent (MSA) pós-PCI e (2) a falha do vaso tratado em um ano (TVF).
A idade média dos participantes foi de 69,9 anos; 73,6% da população estava constituída por homens e 23% tinha doença renal crônica.
No tocante ao procedimento, 47,6% do grupo de aterectomia orbital foi tratado por via femoral, 4,6% requereu marca-passo temporal, 21,4% precisou de um cateter de extensão e 42% utilizou microcateter ou balão OTW. 62,1% dos procedimentos foram realizados com imagenologia intravascular (40,3% OCT e 25,6% IVUS).
Ao analisar as complicações, observaram-se baixas taxas de no-reflow (0,3% vs. 0,1%), dissecção tipo C-F (6,9% VS. 6,3%) e perfurações (1,8% vs. 1%, principalmente Ellis tipo III). A incidência de slow flow foi maior no grupo de AO (1,4% vs. 0,4%; p = 0,03).
Em relação às complicações, a MSA na zona de máxima calcificação foi de 7,44 vs. 7,05, uma diferença não significativa (-0,26 mm²; p = 0,08). No tocante à TVF em um ano, a aterectomia rotacional apresentou uma incidência de 11,5% vs. 10,0% (HR 1,16; IC 95% 0,87-1,54; p = 0,28).
No que se refere aos desfechos secundários, o grupo AO mostrou uma maior mortalidade cardiovascular (p = 0,005) e uma similar taxa de trombose do stent (0,7% vs. 0,3%).
Os autores concluíram que o uso rotineiro da aterectomia orbital não melhorou a MSA nem reduziu a TVF quando comparada com a angioplastia com balão.
Apresentado por Ajay J Kirtane nas Late-Breaking Trials Sessions, TCT 2024, 27-29 outubro, Washington, EUA.
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