Gentileza do Dr. Juan Manuel Pérez.
O aneurisma de aorta abdominal (AAA) representa um alto risco de morbimortalidade em caso de ruptura e atualmente não existem tratamentos farmacológicos aprovados que consigam retardar sua progressão. Estudos observacionais sugeriram que as estatinas poderiam diminuir a taxa de crescimento de AAA e os eventos associados, embora sem respaldo de ensaios clínicos randomizados.

O objetivo deste estudo foi analisar a associação entre o uso e a dose de estatinas com a taxa de crescimento do AAA e a ocorrência de eventos no contexto de dois ensaios populacionais dinamarqueses de triagem: o VIVA (2008-2011) e o DANCAVAS (2014-2018). O desfecho primário foi a taxa de crescimento do AAA. Os desfechos secundários incluíram a necessidade de reparação, ruptura e uma combinação de reparação, ruptura e mortalidade por qualquer causa.
Foram avaliados 998 homens com AAA de entre 30 e 55 mm. A idade média foi de 69,5 anos (RIC 67-72), com um diâmetro médio de AAA de 35,4 mm. 89% tinham recebido estatinas, classificando-se segundo a dose diária recebida (DDD): 23,8% recebiam uma dose de baixa intensidade (menos de 1 DDD), 48,5% em dose de intensidade média (entre 1 e 2 DDD) e 16,7% uma dose de alta intensidade (2 ou mais DDD). O seguimento foi de 5 anos ou até a ocorrência de um evento.
O uso de estatinas se associou de maneira dose-dependente a uma menor taxa de crescimento de AAA: por cada 1 DDD adicional, a taxa de crescimento se reduziu em 0,22 mm/ano (p = 0,009), com um efeito máximo observado de -0,88/ano para doses equivalentes a 80 mg de atorvastatina (4 DDD). Os participantes que recebiam estatinas de alta intensidade apresentaram taxas significativamente menores de crescimento (1,5 ± 2,1 mm/ano vs. 2,4 ± 2,3 mm/ano naqueles que recebiam doses baixas; p = 0,001).
Leia também: Registro de eventos coronarianos após o TAVI.
Ademais, duplicar a dose acumulada de estatinas se associou a uma redução de 18% no risco de cirurgia (HR: 0,82) e de 17% no risco combinado de cirurgia, ruptura ou morte (HR: 0,83). Esse efeito começou a se evidenciar a partir dos 2,5 anos de tratamento. Na análise por subgrupos, o benefício foi mais pronunciado em pacientes com doença cardiovascular assintomática.
Conclusão
Este estudo prospectivo sugere que o uso de estatinas, especialmente em doses altas, se associa a uma redução significativa na taxa de crescimento do AAA e no risco de eventos maiores como cirurgia, ruptura e morte. São necessárias pesquisas adicionais para confirmar estes achados em outras populações e explorar os mecanismos subjacentes.
Referência: Joachim S. Skovbo et al. Circulation. 2025;152:00–00. DOI: 10.1161/CIRCULATIONAHA.125.074544.
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