Tronco não protegido em diabéticos: a angioplastia com bons resultados a longo prazo mas com maior revascularização.

Título original: Coronary artery bypass graft versus percutaneous coronary intervention with drug-eluting stent implantation for diabetic patients with unprotected left main coronary artery disease: D-DELTA registry. Referência: Meliga Emanuele, et al. EuroIntervention 2013; 9:803-808

A diabetes incrementa o risco de eventos cardiovasculares devido à sua afetação em forma difusa dos vasos, gerando desta maneira, mais eventos e muitas vezes mudanças na estratégia de revascularização.

Se incluíram neste registro “all-comers” 826 pacientes diabéticos com lesão de tronco de coronária esquerda (TCI) não protegido com ou sem lesões de outros vasos dos quais 520 receberam angioplastia e 306 cirurgia de revascularização miocárdica.

Ambas populações resultaram similares para a maior parte das características basais.  Um 70% não requeria insulina e a maioria ingressou ao registro no contexto de uma síndrome coronária aguda com e sem supradesnivelamento do segmento ST. O grupo que recebeu angioplastia apresentou maior incidência de insuficiência renal e um SYNTAX score mais baixo (29.6±13.3 vs 40.5±13; p<0.001).

A metade do grupo angioplastia recebeu dois stents no TCI, sendo a técnica mais frequente o crushing stent seguida pelo V e T stenting. Só 28.7% recebeu ecografia intravascular coronária (IVUS). A taxa de eventos intrahospitalares foi maior no grupo cirurgia devido a uma maior incidência de infartos peri operatórios.

Em quase 3 anos de seguimento a taxa de eventos combinados (morte, infarto, stroke e revascularização) foi maior no grupo angioplastia (31.9% vs 21.6%; p<0.01) devido a uma maior revascularização tanto do vaso como da lesão alvo. Excluindo a revascularização, a sobrevida livre de morte, infarto e stroke foi similar entre ambos grupos. 

Conclusão

Nos pacientes diabéticos com lesão de tronco de coronária esquerda não protegido associado ou não à lesão de outros vasos, a angioplastia e a cirurgia de revascularização miocárdica apresentam similares resultados quanto a morte, infarto e stroke. A longo prazo, a diferença em favor da cirurgia se deve à menor revascularização.

Comentário

Esta análise da “vida real” nos mostra, como em todos os que compararam angioplastia e cirurgia em lesões de múltiplos vasos, que os resultados são similares a curto prazo mas que no seguimento a angioplastia  apresenta mais eventos devido à maior necessidade revascularização tanto do vaso como da lesão. 

É importante salientar que foram utilizados stents farmacológicos de primeira geração, que a técnica mais utilizada foi o crushing e que o IVUS foi utilizado em menos de 30%.

Gentileza Dr Carlos Fava
Cardiologista Intervencionista
Fundação Favaloro – Buenos Aires

Dr. Carlos Fava para SOLACI.ORG

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