Título original: The Benefits Conferred by Radial Access for Cardiac Catheterization Are Offset by a Paradoxical Increase in the Rate of Vascular Access Site Complications With Femoral AccessThe Campeau Radial Paradox. Referência: Lorenzo Azzalini et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2015, ONLINE FIRST.
O objetivo deste estudo foi avaliar se o benefício do acesso radial em termos de complicações vasculares se associa ao acesso radial em si ou se, em realidade, está associado a um aumento das complicações do acesso femoral em operadores treinados por radial.
A adoção recente do acesso radial em muitos centros se associou de maneira concomitante a um aumento das complicações vasculares para o acesso femoral.
Utilizou-se uma regressão logística para calcular a taxa de complicações vasculares em uma coorte contemporânea e consecutiva de pacientes (2006 a 2008) que receberam tanto o acesso radial como o femoral e fez-se uma comparação com a taxa histórica de complicações vasculares para o acesso femoral (1996 a 1998) onde somente este último era utilizado.
Foram incluídos um total de 17.059 pacientes e no âmbito populacional as complicações vasculares foram maiores na coorte contemporânea que na coorte histórica (risco ajustado 2,91% vs. 1,98; p = 0,001).
Na coorte contemporânea, os pacientes que receberam acesso radial apresentaram uma taxa significativamente menor de complicações vasculares que os pacientes que receberam acesso femoral (risco ajustado 1,44% vs. 4,19%; p < 0,001).
Observou-se um maior risco de complicações vasculares para o acesso femoral na coorte contemporânea comparando-a com a coorte histórica (risco ajustado 4,19% vs. 1,98%; p < 0,001). Esses achados foram consistentes tanto para os procedimentos diagnósticos quanto para os terapêuticos.
Conclusão
Em uma população contemporânea na qual são utilizados tanto o acesso radial como o femoral, os benefícios do acesso radial estão, em parte, relacionados com um aumento das complicações do acesso femoral.
Comentário editorial
O paradoxo de que na era radial são observadas mais complicações vasculares em total (somando-se todos os pacientes radiais e os poucos realizados por acesso femoral) poderia ser explicado pela falta de prática na punção femoral que inclusive poderia chegar a ser uma ausência de treinamento suficiente nos operadores mais jovens que não viveram a transição de um acesso a outro. O anteriormente dito é válido para a punção e também para a retirada do introdutor.