As síndromes coronarianas agudas com elevação do segmento ST são tipicamente provocadas pela oclusão trombótica de uma artéria coronariana devido à ruptura de uma placa aterosclerótica.
Para além da tipicidade do quadro, existe uma proporção significativa de pacientes que se apresentam clinicamente da mesma maneira sem ter, no entanto, evidência de doença coronariana obstrutiva.
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Em geral os pacientes sem doença coronariana obstrutiva têm uma melhor sobrevida, mas isso pode variar substancialmente em função da causa subjacente e dos fatores de risco.
O presente trabalho incluiu 4.793 pacientes consecutivos que foram admitidos cursando uma síndrome coronariana aguda com supradesnivelamento do segmento ST. Desse total, 88% tinha doença obstrutiva (estenose ≥ 50%), 6% não tinha doença obstrutiva (estenose 1-49%) e 5% apresentava coronárias absolutamente normais.
Aqueles pacientes sem doença obstrutiva foram em sua maioria mulheres jovens com escassos fatores de risco. O segmento médio da população atingiu uma média de 2,6 anos.
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A mortalidade a curto prazo (30 dias) foi menor tanto para aqueles pacientes com doença coronariana não obstrutiva (HR 0,49; p = 0,0018) quanto para aqueles com coronárias normais (HR 0,31; p = 0,021) ao compará-los com os pacientes com doença coronariana obstrutiva.
Entretanto, de forma inesperada (e muito ao contrário do observado em 30 dias), a mortalidade a longo prazo para os pacientes com doença não obstrutiva foi similar (HR 1,15; p = 0,48) e para aqueles com coronárias normais foi significativamente maior (HR 2,44; p < 0,001) que para os pacientes com infartos típicos (inclusive após o ajuste por nível de troponina).
A causa de morte foi cardiovascular em 70% dos casos com infarto típico, mas só de 38% naqueles pacientes com doença não obstrutiva e de 32% naqueles com coronárias normais.
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Em uma população pareada por sexo e idade, a mortalidade dos pacientes sem doença obstrutiva foi superior.
Conclusão
Aqueles pacientes que se apresentam cursando uma síndrome coronariana aguda com supradesnivelamento do segmento ST mas que não apresentam obstruções coronarianas significativas demonstram uma taxa de mortalidade similar ou inclusive superior à dos pacientes com infartos agudos do miocárdio típicos. Estes dados sugerem que a atenção de ditos pacientes de forma alguma pode se dar por finalizada após a angiografia e que os mesmos devem continuar com medicação e seguimento estrito.
Título original: Long-termsurvival and causes of death in patients with ST-elevation acute coronary syndrome without obstructive coronary artery disease.
Referência: Hedvig Bille Andersson et al. Eur Heart J. 2018 Jan 7;39(2):102-110.
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