A mensagem principal do estudo parece ser que em quase todos os pacientes há captura de detritos durante o TAVI, embora ainda não esteja claro que pacientes se beneficiaram mais com o uso do dispositivo.
Segundo esta análise, as partículas do tecido capturadas pelo dispositivo SENTINEL durante o TAVI variam de acordo com a válvula utilizada. Há diferenças no tamanho e no número das partículas capturadas, sendo as maiores as capturadas com a utilização das válvulas expansíveis por balão. Para além disso, foram capturados detritos em praticamente todos os pacientes.
No ano passado a FDA aprovou o uso do dispositivo SENTINEL (Boston Scientific) mesmo depois de o estudo ter falhado em provar seu desfecho primário de eficácia (redução significativa do volume de novas lesões por ressonância). Apesar da aprovação, o uso do dispositivo continuou apresentando controvérsias devido a seu alto custo.
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Estes dados foram apresentados recentemente no ESC 2018 de Munique e agora foram publicados no volume de 10 de setembro de 2018 do JACC: Cardiovascular Interventions.
Depois de analisar a histopatologia e a histomorfometria do achado nos filtros de 100 pacientes consecutivos que receberam TAVI, observou-se que 96% dos pacientes tinham detritos nos filtros proximais e 97% nos filtros distais.
O tipo de detritos foi similar entre as diversas válvulas (a expansível por balão Sapien 3 teve um n = 42, a autoexpansível Evolut R teve um n = 35 e a mecanicamente expansível Lotus teve um n = 23), mas as partículas foram maiores (≥ 1000 µm) no grupo Sapien 3.
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Além disso, os pacientes tratados com a Lotus mostraram menos partículas nos filtros proximais (média 89,8) que os que receberam a Evolut R (média 187,3) ou Sapien 3 (média 172,3; p = 0,035).
Devido ao tamanho da amostra e à natureza observacional do estudo é muito precoce para definir conclusões que possam guiar o uso de dispositivos de proteção cerebral durante o TAVI.
Por um lado, esta análise reforça a ideia de que se capturam detritos na maioria dos pacientes e que obviamente preferimos ver os detritos nos filtros e não nos cérebros dos pacientes. Por outro lado, entretanto, não foi possível provar uma redução em AVC em 30 dias.
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Atualmente os dispositivos de proteção cerebral parecem tratar mais a ansiedade dos operadores e as imagens da ressonância do que a clínica dos pacientes. Esta realidade é difícil de contrabalancear com os custos do dispositivo.
No futuro, provavelmente possamos selecionar com certo grau de precisão aqueles pacientes com maior risco de AVC que justifique utilizar o dispositivo, mas a verdade é que hoje ainda não temos tais preditores de risco, motivo pelo qual o uso do dispositivo poderia ser justificado em todos ou em nenhum dos casos. O custo parece ser, em última instância, o que está inclinando a balança neste momento.
Título original: Significant differences in debris captured by the Sentinel dual-filter cerebral embolic protection during transcatheter aortic valve replacement among different valve types.
Referência: Seeger J et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2018;11:1683-1693.
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