Aproximadamente 10% dos pacientes que recebem implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) são reinternados por uma síndrome coronariana aguda em uma média de seguimento de 25 meses. O sexo masculino, a doença coronariana prévia e – como dado surpreendente e de difícil explicação – um acesso diferente do transfemoral foram preditores independentes de síndrome coronariana aguda após o TAVI, evento que se associou a uma alta mortalidade a médio prazo.
Embora a metade dos pacientes com estenose aórtica que recebem TAVI tenham doença coronariana concomitante, a ocorrência e o impacto clínico dos eventos coronarianos após o TAVI são desconhecidos.
Todos os pacientes consecutivos que receberam TAVI entre 2007 e 2017 foram incluídos. Os pacientes foram seguidos durante um mês, 6 meses, 12 meses e depois anualmente. As síndromes coronarianas agudas foram diagnosticadas e classificadas de acordo com a terceira definição Universal de Infarto (já obsoleta devido ao fato de no ESC de Munique 2018 ter sido apresentada a 4ª definição).
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Um total de 779 pacientes (média de idade de 79 ± 9 anos, 52% homens, média STS: 6,8 ± 5,1%) foram incluídos, dentre os quais 68% tinham histórico de doença coronariana. Em uma média de seguimento de 25 meses (intervalo de 10 a 44), 78 pacientes (10%) apresentaram ao menos uma síndrome coronariana aguda. A metade dos eventos ocorrem dentro do primeiro ano do implante.
A apresentação clínica foi infarto sem elevação do segmento ST (tipo 2 da 3ª definição) em 35,9%, angina instável em 34,6%, infarto sem elevação segmento ST (tipo 1 da 3ª definição) em 28,2% e infarto com elevação do segmento ST em 1,3%.
O segmento masculino teve duas vezes mais possibilidade de apresentar um evento coronariano (HR: 2,19; IC 95%: 1,36 a 3,54; p = 0,001), a doença coronariana prévia mostrou um risco quase três vezes superior (HR: 2,78; IC 95%: 1,50 a 5,18; p = 0,001) e o acesso diferente do femoral também se associou a um maior risco (HR: 1,71; IC 95%: 1,04 a 2,75; p = 0,035).
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Quase 70% dos pacientes foi submetido a uma angiografia no contexto da internação e 56,6% foi submetido a angioplastia. A mortalidade intra-hospitalar da síndrome coronariana aguda foi de 3,8%. Em uma média de 21 meses após a internação por síndrome coronariana aguda a mortalidade por qualquer causa e a mortalidade cardiovascular foram de 37,3% e de 25,3%, respectivamente.
Título original: Incidence, Clinical Characteristics, and Impact of Acute Coronary Syndrome Following Transcatheter Aortic Valve Replacement.
Referência: Victoria Vilalta et al. J Am Coll Cardiol Intv 2018;11:2523–33.
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