É provável que, ao lermos o título acima, concluamos (e como editor desta página incluo-me no coro): os pacientes com AVC prévio se beneficiam com uma revascularização menos invasiva como a angioplastia. Entretanto, estes dados do EXCEL nos dizem que os pacientes com lesão de tronco de coronária esquerda e antecedentes de doença cerebrovascular não se beneficiariam a priori com uma ou outra estratégia de revascularização.
Logicamente este subgrupo apresenta mais eventos que aqueles sem antecedentes de doença cerebrovascular, mas não se observou que esta maior taxa de eventos se veja influenciada pelo tipo de revascularização.
O estudo EXCEL (Evaluation of XIENCE Versus Coronary Artery Bypass Surgery for effectiveness of Left Main Revascularization) incluiu pacientes com lesão do tronco da coronária esquerda e um escore de SYNTAX baixo ou intermediário e randomizou-os a angioplastia com stent eluidor de everolimus vs. cirurgia de revascularização miocárdica. Mediram-se os efeitos sobre os resultados após 30 dias e após 3 anos dos antecedentes de AVC, acidente isquêmico transitório ou doença carotídea.
Leia também: O número mágico de casos a partir do qual a experiência entre no platô com relação ao TAVI.
Aproximadamente 233 pacientes dos 1.898 incluídos (12,3%) tinham antecedentes de doença cerebrovascular. Este subgrupo apresentou mais comorbidades (incluindo hipertensão, diabetes, doença vascular periférica, anemia, insuficiência renal crônica ou angioplastias prévias) que os pacientes sem antecedentes de doença cerebrovascular.
A doença cerebrovascular prévia se associou a quase o triplo de AVC, tanto após 30 dias (2,2% vs. 0,8%; p = 0,05) quanto após 3 anos (6,4% vs. 2,2%; p = 0,0003). Também se observou quase o dobro de eventos combinados após 3 anos, incluindo morte, AVC ou infarto (25,0% vs. 13,6%; p < 0,0001).
Leia também: Oclusão do forame oval a longo prazo em AVC criptogênico.
O efeito relativo da angioplastia vs. a cirurgia sobre a taxa de AVC após 30 dias e após 3 anos e sobre os eventos combinados após 3 anos foi consistente tanto nos pacientes com antecedentes de doença cerebrovascular quanto naqueles sem antecedentes.
Conclusão
Os pacientes com antecedentes de doença cerebrovascular e lesão de tronco de coronária esquerda apresentam uma taxa mais elevada de AVC e de eventos após a revascularização, sem importar qual tenha sido a estratégia escolhida.
Estes dados do EXCEL não respaldam uma estratégia preferencial para este subgrupo de pacientes.
Título original: Left Main Percutaneous Coronary Intervention Versus Coronary Artery Bypass Grafting in Patients With Prior Cerebrovascular Disease. Results From the EXCEL Trial.
Receba resumos com os últimos artigos científicosSubscreva-se a nossa newsletter semanal
Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.