O estudo SYNTAXES (SYNTAX Extended Survival) foi apresentado no ESC 2019 com resultados algo inesperados a favor da angioplastia. Por isso, o SYNTAX continua sendo um dos melhores trabalhos com o qual nós, cardiologistas intervencionistas, contamos.
O estudo SYNTAX original testou a mortalidade (desfecho primário) da angioplastia comparada com a cirurgia em pacientes com múltiplos vasos e/ou lesão de tronco da coronária esquerda. Vários trabalhos randomizados surgiram após a publicação do SYNTAX. Neles, foram utilizados stents mais modernos, imagens intravasculares e fisiologia coronariana para ajudar a determinar se intervir ou não.
O debate sempre é a longo prazo, já que, em teoria, a cirurgia tem ainda mais vantagem com o passar dos anos. O SYNTAXES é o primeiro grande estudo randomizado que nos dá informação única após 10 anos de seguimento sobre os resultados da angioplastia (ao menos em termos de mortalidade). E importante ressaltar aqui que 94% da população pôde completar o seguimento no prazo indicado.
Os resultados demonstraram a equivalência do desfecho primário (mortalidade por qualquer causa) entre a angioplastia e a cirurgia (27% para angioplastia e 23,5% para cirurgia; p = 0,092). Tampouco foram observadas diferenças nos pacientes com doença de tronco da coronária esquerda (26,1% para angioplastia e 26,7% para cirurgia; p = 0,47) ou nos diabéticos (34,2% para angioplastia e 32,1% para cirurgia; p = 0,56).
Houve, no entanto, uma diferença em termos de sobrevida a favor da cirurgia nos pacientes com lesão de três vasos (27,7% para angioplastia e 20,6% para cirurgia; p = 0,006). Esta diferença esteve conduzida basicamente pelos pacientes com um escore de SYNTAX > 33. Isso não surpreende já que há muitos anos sabemos que os SYNTAX > 33 não são para cardiologistas intervencionistas exceto em casos de contraindicação cirúrgica.
Estes resultados nos dão respaldo para avançar, especialmente no que aos diabéticos se refere (apesar do FREEDOM), bem como nos pacientes com lesões de tronco da coronária esquerda e naqueles com lesão de três vasos com um escore de SYNTAX baixo ou intermediário.
Tudo isso no contexto de um stent que já foi descontinuado e que foi claramente superado pelas novas gerações de dispositivos (embora na atualidade aparentemente estejamos em um platô). A isso se somam agentes antiplaquetários mais potentes, fisiologia coronariana para decidir a indicação e imagens intravasculares para otimizar o resultado.
Título original: Ten-year survival after coronary artery bypass grafting vs PCI: the SYNTAX Extended Survival study.
Referência: Presentado por Daniel Johannes en el ESC 2019. Paris, Francia.
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