Os dados contemporâneos de um grande registro publicado recentemente mostram que as complicações mecânicas do infarto são pouco frequentes, mas continuam com uma altíssima taxa de mortalidade que não parece melhorar com o tempo.
A informação que tínhamos sobre complicações mecânicas tinha ficado caduca e não havia dados atuais sobre a incidência e o prognóstico. É este, justamente, o objetivo do presente trabalho recentemente publicado no J Am Coll Cardiol Intv 2019: atualizar-nos nas complicações mecânicas tanto em termos de infarto com supradesnivelamento do segmento ST como sem supradesnivelamento.
Foram reunidos os pacientes da base de dados de todo um país entre 2003 e 2015 para identificar aqueles que foram admitidos cursando um infarto (com ou sem supradesnivelamento) e que posteriormente evoluíram com ruptura de um músculo papilar, comunicação interventricular e ruptura da parede livre.
A análise incluiu a incrível quantidade de 3.951.861 de pacientes com supradesnivelamento do ST e 5.114.270 sem supradesnivelamento.
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A taxa de complicações mecânicas foi de 0,27% nos infartos com supradesnivelamento e de 0,06% nos infartos sem supradesnivelamento.
Não se observou uma mudança na incidência à medida que foram passando os anos. A taxa de mortalidade foi de 42,4% para os pacientes com supradesnivelamento e de 18% para aqueles sem supradesnivelamento. Também não foram observadas diferenças no transcurso do tempo.
As complicações mecânicas vieram associadas com outras complicações como choque cardiogênico, injúria renal aguda, hemodiálise e complicações respiratórias.
Os preditores de um melhor prognóstico nos pacientes com complicações mecânicas que evoluíram com choque cardiogênico foram a reparação cirúrgica (tanto para a coorte com supradesnivelamento como sem supradesnivelamento) e a angioplastia para a coorte com supradesnivelamento do ST.
Conclusão
Os dados contemporâneos de um grande registro de pacientes mostram que a taxa de complicações mecânicas do infarto é realmente baixa, embora com uma altíssima mortalidade. Com o tempo não pudemos reduzir a incidência nem a mortalidade associada.
Título original: Temporal Trends and Outcomes of Mechanical Complications in Patients With Acute Myocardial Infarction.
Referência: Ayman Elbadawi et al. J Am Coll Cardiol Intv 2019;12:1825–36.
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