ESC 2020 | Dapagliflozina em insuficiência renal: a droga continua conquistando outros territórios

O estudo DAPA-CKD mostrou que a dapagliflozina, um inibidor do receptor SGLT2, melhora a função renal, reduz os eventos cardiovasculares e reduz a mortalidade. 

Dapagliflozina en insuficiencia renal

A afirmação anterior é válida não importando o fato de o paciente ser ou não ser diabético. Os pacientes com insuficiência renal crônica randomizados a dapagliflozina melhoram sua função renal, diminuem seus eventos cardiovasculares e aumentam a sobrevida. 

O desfecho primário combinado de uma deterioração superior a 50% da filtração glomerular, insuficiência renal crônica terminal ou morte cardiovascular foi menos frequente nos pacientes tratados com dapagliflozina vs. placebo (HR 0,61; 95% CI 0,51-0,72). O número necessário de pacientes a tratar para evitar um evento é de 19.

O desfecho combinado de morte cardiovascular e hospitalizações por insuficiência cardíaca teve uma redução de quase 30% em termos relativos (HR 0,71; 95% CI 0,55-0,92), algo similar ao observado no estudo DAPA-HF.


Leia também: ESC 2020 | A disfunção ventricular pode inclinar a balança para decidir a revascularização.


A dapagliflozina e outros inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 foram inicialmente desenvolvidos para tratar a diabetes tipo 2 mas seus benefícios renais e cardiovasculares, inclusive em pacientes não diabéticos, já não são postos em dúvida. 

O DAPA-CKD foi designado especificamente para avaliar a dapagliflozina em pacientes com deterioração renal. Foram incluídos 4304 pacientes com uma filtração glomerular de entre 25 e 75 ml/min/1.73m2, com uma idade média de 62 anos e praticamente todos recebendo um inibidor da enzima de conversão ou bloqueador de receptor de angiotensina. 

Em março de 2020 o comitê de segurança recomendou deter o recrutamento devido ao claro benefício a favor do braço tratamento. 


Leia também: ESC 2020 | Os anti-hipertensivos diminuem eventos sem importar a cifra da pressão ou o risco.


Cada componente por separado foi numericamente inferior ao placebo mas alcançaram a significância por si mesmos na deterioração da função renal > 50% (HR 0,53) e na insuficiência renal terminal (HR 0,64).

Estes resultados foram consistentes em todos os subgrupos, inclusive entre os não diabéticos. 

Título original: DAPA-CKD: dapagliflozin in patients with chronic kidney disease.

Referência: Heerspink H. presentado en el ESC virtual 2020.


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