Os betabloqueadores devem ser tomados por toda a vida após um infarto?

Os pacientes tratados de maneira ótima após um infarto não parecem se beneficiar a longo prazo com o uso dos betabloqueadores quando não apresentam insuficiência cardíaca ou deterioração da função sistólica. 

¿Los betabloqueantes son de por vida luego de un infarto?

Este trabalho investigou se existe algum efeito cardioprotetor dos betabloqueadores (BB) após vários anos de seguimento em pacientes estáveis com antecedente de infarto e sem insuficiência cardíaca. 

Utilizando a base de dados da Dinamarca foram analisados os pacientes admitidos cursando seu primeiro infarto, submetidos a angiografia e que receberam alta com aspirina e estatinas. 

Foram excluídos os pacientes com antecedente de infarto prévio, indicação prévia de BB ou contraindicação para BB. 

O desfecho primário foi definido como morte cardiovascular, infarto recorrente ou uma combinação de ambos. 

Com um total de mais de 30.000 pacientes estáveis incluídos (58% dos quais foram submetidos a angioplastia primária, 26% a angioplastia diferida e 16% somente a angiografia) observou-se que a enorme maioria (82%) ainda recebia os BB 3 anos após o infarto. 


Leia também: É possível suspender os Betabloqueadores pós-infarto agudo do miocárdio.


Ao comparar esses pacientes com os que tinham suspendido o tratamento (18%) não se observou nenhuma diferença em termos de morte cardiovascular, infarto recorrente ou a combinação de ambos. 

Conclusão

Este grande registro de todo um país com vários anos de seguimento mostra que os betabloqueadores não oferecem proteção adicional em pacientes estáveis que cursaram um infarto e que não apresentam insuficiência cardíaca. 

ehaa1058_compressed

Título original: Effect of long-term beta-blocker treatment following myocardial infarction among stable, optimally treated patients without heart failure in the reperfusion era: a Danish, nationwide cohort study.

Referência: Anders Holt et al. European Heart Journal (2021) 42, 907–914 doi:10.1093/eurheartj/ehaa1058.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

Outro revés para o balão de contrapulsação? Um estudo randomizado sobre seu uso em insuficiência cardíaca crônica que progride para choque cardiogênico

O choque cardiogênico (CC) continua sendo uma entidade de altíssima mortalidade (aproximadamente 50%). Embora a maioria das terapias em dito contexto tenham sido estudadas...

Marcadores cardíacos como preditores de risco cardiovascular: utilidade para além da síndrome coronariana aguda?

As troponinas cardíacas de alta sensibilidade (TnT e TnI) são um dos pilares fundamentais no diagnóstico da síndrome coronariana aguda (SCA). No entanto, sua...

Perviedade radial em procedimentos coronarianos: a heparina é suficiente ou deveríamos buscar a radial distal?

O acesso radial é a via de escolha na maioria dos procedimentos coronarianos devido à redução nas taxas de mortalidade demonstradas em comparação com...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

Gradientes pós-TAVI e as consequências de sua mensuração: são equiparáveis a medição invasiva e a ecográfica?

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) é considerado o tratamento de escolha em uma porcentagem significativa de pacientes com estenose aórtica sintomática. Seus...

Outro revés para o balão de contrapulsação? Um estudo randomizado sobre seu uso em insuficiência cardíaca crônica que progride para choque cardiogênico

O choque cardiogênico (CC) continua sendo uma entidade de altíssima mortalidade (aproximadamente 50%). Embora a maioria das terapias em dito contexto tenham sido estudadas...