Um FFR normal é sempre um bom prognóstico?

Título original: Coronary Flow Reserve and Microcirculatory Resistente in Patients UIT Intermediate Coronary Stenosis. Referencia: Joo Myung Lee, el al. J Am Coll Cardiol 2016;67:1158-69

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

A medição do fluxo fracionado de reserva (FFR) ajuda a dilucidar se uma lesão intermediária gera isquemia, porém não avalia a função da microcirculação. Está demonstrado que uma alteração nesse nível gera isquemia e exerce um impacto negativo na evolução.

Foram analisados pacientes que apresentavam lesões intermediárias por estimação visual (40% a 70%) e, no procedimento, foi medido o FFR, o CFR (fluxo de reserva coronariana) e o IMR (índice de resistência da microcirculação).

A hiperemia foi induzida com adenosina (140ug/kg/min) e o FFR foi a média dos três ciclos cardíacos lentos.

Os pontos de corte foram ≤ 0,80 para FFR, ≤ 2 para CFR e para IMR foi utilizado IMRcorr ≥23U.

O desfecho primário foi uma combinação de morte por qualquer causa, infarto agudo do miocárdio e revascularização.

Foram incluídos 313 pacientes, dos quais 230 (73,5%) apresentaram um FFR ≥ 0,80. Estes foram divididos em 4 grupos: grupo A, com CFR alto e IMR baixo (61,3%), grupo B, com CFR alto e com IMR alto (18,3%), grupo C, com CFR baixo e IMR baixo (13,5%) e grupo D, com CFR baixo e IMR alto (7%).

As características clínicas e angiográficas dos 4 grupos foram similares.

O seguimento realizado teve uma média de 658 dias, observando-se uma incidência do desfecho primário de 9,5%, 0%, 7% e 27,9% (p = 0,002) para os grupos A, B, C e D, respectivamente. Isto resulta em uma significativa maior taxa de eventos para o grupo com CFR baixo e IMR alto (grupo D).

Os resultados se relacionaram com uma alta taxa de morte, infarto e revascularização; a revascularização se relacionou com uma progressão das lesões documentada por angiografia e FFR.

A doença microvascular, a doença de múltiplos vasos e a diabetes foram preditores de desfecho primário.

Conclusão
O fluxo de reserva coronariana e o índice de resistência microvascular melhoram a estratificação de risco nos pacientes com lesões intermediárias e FFR ≥ 0,80. Os pacientes com fluxo de reserva coronariana baixo associado com um alto índice de resistência microvascular têm um pior prognóstico.

Comentário
Atualmente o FFR é o padrão de ouro para avaliar de forma funcional as obstruções coronárias. Isso foi demonstrado nos estudos FAME, onde as lesões com FFR ≥ 0,80 no seguimento de dois anos não tiveram impacto na evolução.

A alteração da microcirculação associada a lesões intermediárias documentadas por FFR apresentam maior probabilidade de ocorrência de eventos duros e associam-se à progressão da doença epicárdica.

Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Cardiologista Intervencionista
Fundación Favaloro – Buenos Aires.

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