Impacto do implante de um marca-passo permanente em pacientes submetidos à substituição valvular aórtica percutânea

Referência: Buellesfeld y colaboradores (JACC in press).

A substituição valvular aórtica percutânea (AVR na sigla em inglês) é uma técnica inovadora para o tratamento da estenose aórtica grave (SAS em inglês) que foi incorporada com grande entusiasmo à prática clínica, particularmente em doentes com risco cirúrgico excessivo.2 Devido à proximidade entre a válvula aórtica, o nó da válvula aórtica e o feixe de His, existe a possibilidade de alteração da condutividade do miocárdio durante RVA. Uma das válvulas mais utilizadas, é a válvula protésica auto-expansível CoreValve® (Medtronic, Mineápolis, Minnesota). Não é raro que após o implante da válvula o paciente apresente distúrbios de condutividade da válvula aórtica, demandando o implante periprocedimento de marca-passo permanente (MP). No entanto, não se sabe se a necessidade de MP está associada com um pior resultado em pacientes pós AVR. Esta hipótese foi recentemente avaliada em um estudo retrospectivo envolvendo 353 pacientes de alto risco (média de idade de 82 anos, EuroSCORE logístico de 25) que sofreram RVA. Neste estudo, 40% dos pacientes necessitaram de implante de marca-passo. Após 12 meses de acompanhamento, a mortalidade total de pacientes foi de 19,4% e de 18%, respectivamente, com MP e sem MP.

Comentários: A necessidade periprocedimento de MP não parece ser um marcador de risco em pacientes submetidos a AVR. Este dado não é de modo algum de menor relevância por causa da alta taxa de implante, especialmente com válvulas auto-expansíveis. Diferenças na concepção dos dispositivos como uma extensão de mais profunda em direção ao trato de saída do ventrículo esquerdo e o fato de exercer uma força constante sobre o anel aórtico e o tecido subendocárdico (por causa de suas propriedades auto-expansível), explicam, em parte as alterações da condutividade do miocárdio observadas com a válvula CoreValve ®. Além das características da válvula, características do paciente tais como hipertrofia septal grave, calcificação valvular4 e bloqueio da ramificação direita, assim como fatores relacionados com a técnica de implante da válvula (>6 mm abaixo do anel, pré-dilatação e a relação entre o tamanho da prótese e o anel valvular), aumentam o risco de se desenvolverem alterações no tecido de condução do miocárdio. Por outro lado, não há uniformidade de critérios quanto à necessidade de MP, fato que depende muitas vezes do limiar de cada médico ou instituição envolvida no tratamento.

Bibliografía:

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