A hipertensão pós TAVI prediz uma melhor evolução

Título Original: Post-Procedural Hypertension Following Transcatheter Aortic Valve Implantation Incidence and Clinical Significance. Referência: Gidon Y. Perlman et al. J Am Coll Cardiol Intv 2013. Article in press.

A hipertensão pré procedimento é um fator de risco e prediz aumento da mortalidade logo da substituição valvular aórtica cirúrgica. O desaparecimento do gradiente de pressão em nível da válvula aórtica gera mudanças hemodinâmicas dramáticas e frequentemente hipertensão. Neste estudo investigaram-se em forma prospectiva as mudanças hemodinâmicas após a substituição valvular aórtica percutânea (TAVI) e suas implicações clínicas no seguimento em um ano.

Os pacientes (ptes) foram divididos em 2 grupos de acordo à presença ou não de aumento da pressão arterial pós TAVI. Este aumento foi definido como algarismos constantes >140 mmHg de sistólica o >90 mmHg de diastólica que não estavam presentes de maneira basal, a necessidade de dobrar a dose de uma medicação que previamente bastava ou a necessidade de acrescentar uma nova droga ao esquema pré procedimento. Realizou-se um seguimento em 30 dias e um ano sendo considerados como eventos adversos a morte por qualquer causa, infarto, stroke, insuficiência cardíaca ou nova hospitalização. Foram incluídos 105 ptes subsequentes sendo observado em todos eles um aumento médio da pressão pós TAVI de 15 ± 31 mmHg, a qual ainda permaneceu 8 mmHg por cima da basal aos 5 dias do procedimento a pesar do tratamento (p<0.01 para ambos), a pressão diastólica pelo contrário mostrou uma diminuição significativa. 

Do total, 53 ptes (51%) cumpriram com algum dos critérios de pressão aumentada mencionados acima, precisando todos eles de intensificação do tratamento ou incluso drogas endovenosas em forma transitória. As características basais entre os dois grupos foram similares com a exceção do índice de massa corporal e do número de drogas para atingir similares valores pressóricos basais. O volume minuto, o índice cardíaco e o volume latido pós TAVI aumentou significativamente no grupo com aumento da pressão comparado com o grupo de pressão estável (p<0.05). A taxa de eventos sérios intra hospitalares, em 30 dias e um ano do grupo com aumento da pressão foi de 21%, 30% e 53% respectivamente comparado com 60%, 71% e 83% espectivamente do grupo com a pressão estável (p<0.01 para todas as diferenças). A maioria dos eventos foram devidos à insuficiência cardíaca e não foram observadas diferenças na mortalidade.

A taxa de complicações com possíveis mudanças hemodinâmicas como sangramento, complicações vasculares, necessidade de marcapassos, infecções ou insuficiência aórtica residual não foram diferentes entre os grupos.

Conclusão: 

Pós TAVI ao redor da metade dos pacientes apresentam um aumento significativo da pressão sistólica precisando tratamento imediato e prolongado. Até o momento este é o primeiro trabalho que mostra que este fenómeno prediz uma melhor recuperação da função cardíaca e uma mais favorável evolução no curto e médio prazo.

Comentário editorial: 

O aumento da pressão pós procedimento provavelmente esteja relacionado com a presença de reserva contrátil de maneira similar a tudo que já foi escrito nos trabalhos de ecocardiograma stress com dobutamina e estenose aórtica. Poderia ser um viés que o aumento da pressão na realidade esteja nos mostrando a ausência de complicações vasculares ou hemorrágicas, porém, a taxa destas complicações foram similares entre ambos grupos.

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3 Comments

  1. Lais said:

    Com minha mãe está ocorrendo o oposto, após o Tavi com colocação de marca-passo sem nenhuma intercorrência ocorrido a 14 dias atrás, a pressão dela abaixou sendo necessário diminuir drasticamente os hipertensivos para uma dose inferior a metade e suspensão do diurético também . Poderiam me explicar o porque do ocorrido?
    Ps sou dentista e não médica

  2. Laís said:

    A pressão diastólica que não subia antes do Tavi agora varia , a sistólica que era Alta agora com o Tavi e o marca passo abaixou drasticamente. De 16 agora fica em torno de 9 a 11,5 ( sistólica) mesmo tendo diminuído os hipertensivos para uma dose inferior a metade e ter tirado o diurético . Por que isto aconteceu quando deveria ter ocorrido o contrário pelas explicações do artigo?
    Ps tudo correu muito bem

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