O tratamento percutâneo da válvula mitral é uma alternativa válida também no longo prazo

Título original: 4-Year Results of a Randomized Controlled Trial of Percutaneous Repair Versus surgery for Mitral Regurgitation. Referência: Laura Mauri, et al. J Am Coll Cardiol 2013;62:317-28

El tratamento cirúrgico na insuficiência mitral (IM) é atualmente recomendado,  seja mediante substituição ou plástica valvular. Atualmente estão sendo desenvolvidos dispositivos para resolver esta doença dando os benefícios dos tratamentos percutâneos.

O Estudo EVEREST II, prospectivo, multicêntrico, randomizado 2:1, não cego comparou Mitra Clip (MC) (Abbott, Menlo Park, California) versus cirurgia mitral.  Os pacientes (ptes) incluídos encontravam-se sintomáticos com insuficiência mitral crónica 3+ ou 4+, fração de ejeção >25% e um diâmetro de fim de diástole do ventrículo esquerdo (DDVI) ≤55 mm ou assintomáticos com fração de ejeção entre 25% e 60%, DDVI 40 a 55 mm somado a nova fibrilação auricular ou hipertensão pulmonar.

Foram incluídos 184 ptes no grupo MC e 95 no grupo cirúrgico (GQ), as características de ambos grupos foram bem equilibradas com a exceção de uma maior frequência de insuficiência cardíaca no grupo MC. A metade recebeu apenas um clip e 38% dois. O seguimento a 4 anos realizou-se em 88% do grupo MC e 77% do grupo cirúrgico. Nenhum pte apresentou embolização do dispositivo. Não houve diferença na área valvular medida por planimétrica ou pressure-half time nem no gradiente médio. Um só pte evolucionou com estenose mitral (área <1.5 cm2) no grupo MC.

Em 4 anos a taxa livre de morte, cirurgia valvular mitral por disfunção, IM 3+ ou 4+ resultou de 39.8% no  MC e de 53.4% no GC (p= 0.07). A mortalidade resultou similar entre ambos grupos 17.4% vs 17.8% (p= 0.914) do mesmo modo que o grau de insuficiência mitral 3+ o 4+ 21.7% vs 24% (p= 0.745). Ao contrário, a taxa de cirurgia por disfunção valvular resultou, sim, diferente a favor do grupo cirúrgico com 24.8% vs 5.5% (p<0.001) em 4 anos. Em ambos grupos houve melhora  dos parâmetros ecocardiográficos e da classe funcional em um ano, que se mantiveram aos 4 anos.

Conclusão:

Os ptes tratados com Mitra Clip precisaram mais comumente cirurgia por insuficiência mitral residual, mas logo do primeiro ano de seguimento, houve pouca necessidade de  cirurgia em ambos grupos. Também não houve diferença na presença de IM moderada a severa ou severa e em mortalidade a 4 anos.

Comentário:

O importante é que embora no primeiro ano foram necessárias mais cirurgias, em 4 anos esse problema desaparece, além do mais do mesmo modo que na cirurgia o Mitra Clip foi benéfico na melhora da classe funcional e das variáveis ecocardiográficas.

Gentileza Dr. Carlos Fava.
Cardiologista Intervencionista.
Fundação Favaloro. Buenos Aires. Argentina.

Dr. Carlos Fava para SOLACI.ORG

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