Oclusão de apêndice atrial esquerdo com o dispositivo Watchman. Resultados a 5 anos

Título original: Percutaneous Left Atrial Appendage Closure With the Watchman Device Long-Term Results Up to 5 Years. Referência: Wiebe J, Franke J, Lehn K et al. JACC Cardiovascular Interventions Vol. 8, NO. 15, 2015 Doi: 10.1016/j.jcin.2015.07.040

Gentileza do Dr. Agustín Vecchia.

A fibrilação atrial (FA) é uma das arritmias mais prevalentes e está associada a eventos tromboembólicos (fundamentalmente AVC). A oclusão do apêndice atrial esquerdo é uma alternativa para reduzir estes eventos em pacientes com alto risco de sangramento ou contraindicações para a anticoagulação, já que 90% dos trombos se originam nele. Recentemente (março de 2015) a FDA aprovou a utilização do dispositivo Watchman para a oclusão do apêndice atrial esquerdo em pacientes com FA não valvar com o fim de reduzir o risco tromboembólico.

O presente trabalho avalia o desempenho a 5 anos do dispositivo Watchman. Foram incluídos 102 pacientes consecutivos de um só centro com um escore CHADS2 ou CHADSVASc de pelo menos 1 que foram submetidos a oclusão com o dispositivo Watchman entre 2006 e 2010. Realizaram-se controles durante o seguimento aos 45 dias, 3 meses, 6 meses, um ano e a partir de então, anualmente.

A idade média foi de 71,6 ± 8,8 anos, 37,7% mulheres. Os escores de CHADS2 e CHA2DS2-VASc foram de 2,7 ± 1,3 e 4,3 ± 1,7, respectivamente. O procedimento foi bem-sucedido em 96,1% dos pacientes. Depois de um seguimento médio de 3 ± 1,6 anos, as taxas anuais de TIA, AVC, hemorragia intracraniana ou morte foram de 0,7%, 0,7%, 1,1% e 3,5%, respectivamente.

Conclusão
A utilização do dispositivo Watchman é segura e eficaz no longo prazo para a prevenção do AVC em pacientes com fibrilação atrial crônica não valvar.

Comentário editorial
– Dois estudos randomizados (PROTECT AF e PREVAIL) mostraram que o dispositivo Watchman é uma alternativa segura e eficaz em pacientes com contraindicações para anticoagulação.
– Em operadores com experiência, a correta colocação do dispositivo pode ser conseguida em uma alta porcentagem dos pacientes.
– No presente registro houve complicações em 8,8% do total dos pacientes, a destacar: 3 pericardiocenteses e 4 derrames sem compromisso hemodinâmico. Diferentemente de outros trabalhos, aqui a comparação da taxa de complicações entre a primeira metade da coorte e a segunda não mostrou variações, (embora isto possa estar relacionado com a baixa taxa de eventos).
– Deve-se considerar que 25,6% dos pacientes necessitou recaptura e recolocação do dispositivo e que 31,4% necessitou substituição do dispositivo por outro de tamanho diferente.
– Por último, conforme as recomendações atuais os pacientes devem receber anticoagulação por 45 dias depois da colocação do dispositivo. Na presente coorte somente 58,2% do total recebeu anticoagulação e não se observaram diferenças nas taxas de complicações com o restante 41,8% que sim recebeu (novamente cabe dizer que o número de eventos é muito pequeno, mas observações similares do trabalho ASAP – que incluiu pacientes com contraindicações para anticoagulação – confirmam estas hipóteses).

Gentileza do Dr. Agustín Vecchia.

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