Título original: Long-Term Outcome of Incomplete Revascularization After Percutaneous Coronary Intervention in SCAAR (Swedish Coronary Angiography and Angioplasty Registry). Referência: Kristina Hambraeus et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2016;9(3):207-215.
O objetivo deste estudo foi descobrir a evolução de pacientes com doença de múltiplos vasos que recebem angioplastia coronária com revascularização incompleta e sua possível associação com morte, revascularização repetida e infarto do miocárdio a longo prazo.
Entre 2006 e 2010 foram identificados 23.342 pacientes com doença de múltiplos vasos no registro SCAAR (Swedish Coronary Angiography and Angioplasty Registry). A revascularização incompleta foi definida como qualquer vaso com uma lesão > 60% que irrigue pelo menos 10% do miocárdio.
Os pacientes com revascularização incompleta (n = 15.165) foram mais idosos, com doença coronária mais extensa e se apresentaram mais frequentemente cursando um infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST que os pacientes com revascularização completa (n =8.177).
A um ano, a mortalidade por qualquer causa, o infarto agudo do miocárdio e a revascularização repetida foi maior no grupo que recebeu revascularização incompleta comparando-se com os pacientes que receberam revascularização completa (7,1% vs. 3,8%, 10,4% vs. 6,0% e 20,5% vs. 8,5%, respectivamente).
Após ajustar as diferenças utilizando o Propensity score, observou-se um risco ajustado a um ano para a combinação de morte, infarto ou revascularização muito maior para a revascularização incompleta (HR 2,12 IC 95% 1,98 a 2,28; p < 0,0001).
O risco ajustado de morte e a combinação de morte/infarto também foram maiores com a revascularização incompleta, com 1,29 (IC 95% 1,12 a 1,49; p = 0,0005) e de 1,42 (IC 95% 1,30 a 1,56; p < 0,0001), respectivamente.
Conclusão
A revascularização incompleta no momento da alta hospitalar em pacientes com doença de múltiplos vasos que recebem angioplastia se associa a um alto risco de evento cardíacos adversos a um ano.
Comentário editorial
A evidência até agora é conflitiva e em geral indireta. Este trabalho, embora contribua com dados importantes, também tem a limitação de ser retrospectivo e em populações diferentes, cuja comparação requer vários ajustes. O que fica claro em quase todos os trabalhos é que os pacientes com revascularização incompleta são sempre de maior risco e o fato de eles terem sido revascularizados de forma incompleta não foi uma escolha mas sim o resultado da impossibilidade de uma revascularização completa.