Assistência ventricular em infarto agudo do miocárdio

Título original: Ventricular Assist Device in Acute Myocardial Infarction. Referência: Deepak Acharya et al. J Am Coll Cardiol. 2016;67(16):1871-1880.

 

Pacientes que estão cursando um infarto agudo do miocárdio (IAM) complicado com insuficiência cardíaca aguda ou choque cardiogênico têm uma alta mortalidade com o tratamento convencional.

Este trabalho avaliou os resultados em pacientes com IAM que receberam um dispositivo de assistência ventricular durável.

Todos os pacientes do registro INTERMACS (Interagency Registry for Mechanically Assisted Circulatory Support) que receberam assistência ventricular no contexto de um IAM foram incluídos e comparados com aqueles que receberam dispositivos similares mas em outro contexto clínico (não em infarto agudo do miocárdio).

Em total, 502 pacientes com IAM receberam um dispositivo de assistência, dos quais 443 se trataram de dispositivo de assistência esquerda, 33 de assistência biventricular e 26 corações artificiais totais.

A idade média da população foi de 58,3 anos e mais de 70% eram homens.

No grupo que recebeu o dispositivo no contexto de um infarto houve uma maior proporção de balão de contrapulsação prévio (57,6% vs. 25,3%; p < 0,01), de intubação orotraqueal (58% vs. 8,3%; p < 0,01) e de membrana de oxigenação extracorpórea (17,9% vs. 1,7%; p < 0,01).

Um mês após o implante do dispositivo de suporte ventricular, 91,8% dos pacientes que o receberam no contexto de um IAM se encontravam vivos e continuavam com o suporte, 7,2% faleceram com o dispositivo e 1% recebeu um transplante cardíaco.

Um ano após o implante, 52% dos pacientes estavam vivos e ainda com o suporte do dispositivo, 25,7% receberam um transplante cardíaco, 1,6% conseguiram se recuperar a ponto de retirar o dispositivo e 20,7% faleceram com o dispositivo.

Depois de ajustar por diferentes características clínicas, o grupo que necessitou o dispositivo no contexto de um infarto agudo do miocárdio apresentou uma mortalidade a curto prazo similar à do grupo que recebeu o dispositivo em um contexto clínico diferente de um infarto (HR: 0,89; p = 0,30), mas com o tempo a mortalidade do primeiro grupo foi menor (HR: 0,55; p = 0,02).

Conclusão
Os pacientes que recebem um dispositivo de assistência ventricular permanente no contexto de um infarto agudo do miocárdio em choque cardiogênico têm um resultado similar ao do resto dos pacientes com dispositivos similares apesar de estarem mais criticamente doentes antes do implante. O implante de um dispositivo de assistência ventricular é uma terapia efetiva nos pacientes com insuficiência cardíaca aguda ou choque cardiogênico pós-infarto quando a terapia padrão fracassou.

Mais artigos deste autor

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...

Jejum vs. não jejum antes de procedimentos cardiovasculares percutâneos

Embora em 2017 as diretrizes da Sociedade Americana de Anestesiologistas tenham sido atualizadas para permitir a ingestão de líquidos claros até duas horas e...

Dissecção espontânea do tronco da coronária esquerda: características clínicas, manejo e resultados

Gentileza do Dr. Juan Manuel Pérez. A dissecção espontânea do tronco da coronária esquerda (TCE) é uma causa infrequente de infarto agudo do miocárdio (IAM),...

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Veja as melhores imagens das Jornadas Uruguai 2025

Aproveite os melhores momentos das Jornadas Uruguai 2025, realizadas no Hotel Radisson de Montevidéu (Uruguai) nos dias 7, 8 e 9 de maio de...

Tratamento percutâneo da insuficiência mitral funcional atrial

A insuficiência mitral (IM) por dilatação atrial funcional (AFMR) é uma afecção que representa aproximadamente um terço dos casos de insuficiência mitral, associando-se com...

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...