Gentileza do Dr. Agustín Vecchia.
Nos pacientes pós-parada cardiorrespiratória extra-hospitalar (PCRE) secundária a uma síndrome coronária aguda com elevação do ST (SCA com ST) está claro que ditos pacientes devem ser submetidos a cinecoronariografia (CCG) e eventual angioplastia (PCI). No entanto, em pacientes sem elevação do ST o uso de uma estratégia invasiva similar é muito discutido.
Em muitos centros utilizou-se de maneira rotineira a CCG de emergência (e eventual angioplastia, quando necessária) como método de estudo para os pacientes pós-parada cardiorrespiratória sem uma causa extra-cardíaca clara.
Utilizou-se, para a análise, o registro PROCAT (Parisian Registry Out-of-Hospital Cardiac Arrest). Foram localizados os pacientes sem elevação do ST e utilizando-se regressão logística explorou-se a associação entre o uso de CCG e um desfecho favorável (performance cerebral categoria 1 ou 2) e foram avaliados os fatores previstos pelo requerimento de PCI.
Durante os anos 2004 a 2013 foram registradas 958 PCRE nas quais se realizou CCG. Deste total, 695 (73%), em sua maioria homens (76%) e com uma idade média de 60 anos não tiveram evidência de supradesnivelamento de ST no ECG pós-reanimação. 199 de 695 (29%) requereram PCI. Observou-se um desfecho favorável em 87/200 (43%) dos submetidos a CCG vs. 164/495 (33%) naqueles não submetidos a PCI (p = 0,02). Após o ajuste, a angioplastia esteve associada a melhores resultados (razão de probabilidade ajustada: 1,80 [95% IC: 1,09 a 2,97]; p = 0,02). Os demais fatores preditores de um desfecho favorável foram: tempo de ressuscitação curto (< 20 minutos), ritmo inicial que possa ser revertido e o uso de uma dose menor de adrenalina durante a reanimação (p = 0,001). Um ritmo inicial que possa ser revertido (razão de probabilidade ajustada: 2,83 [95% IC: 1,84 a 4,36]; p < 0,001) foi o único indicador de requerimento de PCI.
Os autores concluem que um terço dos pacientes estudados apresentava uma lesão que requeria angioplastia e que neste grupo de pacientes a angioplastia de emergência esteve associada a um aumento do dobro de desfechos favoráveis. Os achados apoiam o uso rotineiro de uma estratégia invasiva neste grupo de pacientes, sobretudo naqueles pós PCR com um ritmo inicial que possa ser revertido.
Comentário editorial
Os guias do ACLS recomendam a realização de CCG em pacientes pós PCR em caso de supradesnivelamento do ST ou instabilidade elétrica ou hemodinâmica. Para os demais pacientes a conduta é ainda discutida. No presente trabalho, um grupo mais amplo que os incluídos nas recomendações atuais parece se beneficiar de um tratamento invasivo precoce. Os mais beneficiados foram os homens com mais de 50 anos com um ritmo inicial passível de reversão. Como pontos negativos, apesar de a análise ter sido muito estrita, não devemos nos esquecer da natureza observacional do estudo e da possível omissão de elementos de confusão como a estabilidade clínica no momento da CCG, a avaliação funciona, entre outras questões.
Gentileza do Dr. Agustín Vecchia. Hospital Alemán, Buenos Aires, Argentina.
Título original: Emergency PCI in Post–Cardiac Arrest Patients Without ST-Segment Elevation Pattern Insights From the PROCAT II Registry
Referência: J Am Coll Cardiol Intv. 2016; DOI:10.1016/j.jcin.2016.02.001.
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