Um novo round na luta da tromboaspiração

Título original:  Aspiration thrombectomy prior to percutaneous coronary intervention in ST elevation myocardial infarction: a systematic review and meta-analysis.

Referência: Regina El Dib et al. BMC Cardiovascular Disorders (2016) 16:121.

Gentileza Dr. Brian Nazareth Donato. 

tromboaspiraçãoCom base nos resultados contraditórios obtidos em diferentes estudos sobre o papel da tromboaspiração mecânica antes da Angioplastia Percutânea (PCI) versus a PCI convencional, esta nova metanálise busca determinar a eficácia de sua utilização rotineira prévia à PCI.

Realizou-se uma busca em MeSH, MEDLINE, EMBASE, CENTRAL e outros estudos relevantes que comparasse tromboaspiração durante a PCI versus somente PCI.

F0ram incluídos 20 estudos (ADMIT, Belum, Chao, De Luca, Expira, Export, Impact, INFUSE-AMI, ITTI, kaltoft, Liistro, REMEDIA, Shehata, Sim, TAPAS, TASTE, TOTAL, TROFI, VAMPIRE e Yim) com um total de 20.866 pacientes e o tempo de seguimento dos mesmos variou entre 30 e 365 dias.

Estes estudos randomizaram pacientes com infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST em dos ramos: PCI + tromboaspiração vs. somente PCI.

 

Taxa de mortalidade global:

  • Somente PCI: 4,4%
  • Tromboaspiração + PCI: 3,9%

(RR 0,89)

Taxa de infarto do miocárdio recorrente:

  • Somente PCI: 2,4%
  • Tromboaspiração + PCI: 2,2%

(RR 0,94)

Acidente vascular cerebral:

  • Somente PCI: 0,5%
  • Tromboaspiração + PCI: 0,8%

(RR 1,56)

Sangramento maior:

  • Somente PCI: 1,7%
  • Tromboaspiração + PCI: 1,7%

(RR 1,02)

 

Conclusão

A evidência sugere que a utilização de tromboaspiração durante a angioplastia primária se associa a uma pequena redução da mortalidade (4/1000 pacientes). Por conseguinte, sendo os resultados tão exíguos, a tromboaspiração ainda não é aconselhável como estratégia de rotina.

 

Comentário editorial

Nos guias de AHA/ACC do ano 2015, a evidência para a utilização de tromboaspiração no contexto de uma PCI primária é IIb/C para casos nos quais há presença intraluminal de trombos de classe III para sua utilização rotineira em todos os casos.

A presente metanálise incluiu estudos aleatorizados com diferentes tamanhos de amostras, a partir de 56 até mais de 10 mil pacientes, não tendo sido possível evidenciar na análise em seu conjunto um benefício concreto que apoie o uso sistemático da tromboaspiração durante a angioplastia primária. O benefício da mesma é exíguo, requerendo o tratamento de mil pacientes para reduzir quatro mortes em troca de três acidentes vasculares cerebrais sobre a mesma quantidade de pacientes em comparação com somente PCI.

Uma das limitações mais importantes nestes estudos radica na falta de cego como consequência da natureza da intervenção.

Embora hoje em dia a bibliografia existente não sustente o uso rotineiro de tromboaspiração para o manejo do infarto agudo do miocárdio com elevação do seguimento ST, podem existir casos individuais nos quais o operador considere que o benefício da técnica é potencialmente maior que seus riscos.

Gentileza Dr. Brian Nazareth Donato. Hospital Britânico de Buenos Aires, Argentina.

 

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