A ATC em lesões por radioterapia tem igual mortalidade?

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

A ATC em lesões por radioterapia tem igual mortalidade. A radioterapia torácica produz lesões cardíacas, sendo as artérias coronarianas uma das estruturas mais afetadas. Além disso, produz lesões obstrutivas por fibrose da parede. Geralmente, os pacientes com este antecedente são rejeitados para a cirurgia e são submetidos a ATC, que se estabelece como uma grande alternativa. Contudo, ainda não há informação clara acerca de sua evolução.

 

Neste estudo foram analisados 116 pacientes que receberam radioterapia torácica (RTT) durante 5,6 anos (1,1-12,3), previamente à ATC. Realizou-se um propensity matched control com 408 pacientes para homogeneizar as populações.

 

Não houve diferença nos resultados hospitalares.

 

O seguimento foi de 6,3 anos (4-9,8), sem ter sido constatada diferença em mortalidade por qualquer causa (HR: 1,31; P = 0,78) e em mortalidade cardíaca (HR: 0,78; P = 0,49). Dentre os pacientes que receberam RTT, 56 faleceram (12 por causas cardíacas) e no grupo controle, o número de óbitos foi de 159 (44 por causas cardíacas).

 

Conclusão

Os pacientes com radiação torácica prévia e doença coronariana que receberam ATC tiveram complicações parecidas após o procedimento, em comparação com o grupo controle. Além disso, ambos apresentaram a longo prazo um índice de mortalidade similar.

 

Comentário

Este estudo nos traz informação importante sobre as ATC em pacientes que receberam RTT. Um dos temores que temos nestes casos é a ruptura e o derrame pericárdico, já que estamos frente a artérias fibrosas e mais rígidas. Nesse sentido, o dado mais importante ao qual chega esta análise é que não há um impacto em termos de mortalidade.

 

No entanto, a grande limitação que apresenta este trabalho é que não traz informação acerca de qual foi a taxa de reestenose ou sobre a presença de outros eventos.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

 

Título original: Percutaneous revascularization in patients treated with thoracic radiation for cancer.

Referência: Erin Fender Am Heart J 2017;187:98-103.


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