Lotus vs. Sapien 3, mecanismos diferentes com resultados similares

Os dispositivos de nova geração para implante percutâneo da valva aórtica através do acesso femoral foram otimizados para melhorar a posição da válvula e reduzir a regurgitação aórtica residual.

Lotus vs. Sapien 3, mecanismos diferentes com resultados similares

Este trabalho comparou os resultados em 30 dias, 12 meses e 24 meses da válvula expansível mecanicamente e reposicionável Lotus e da válvula expansível por balão Edwards Sapien 3.

 

O desfecho primário foi a mortalidade por qualquer causa e o AVC incapacitante em 12 meses.

 

Entre os anos 2014 e 2016 foram incluídos 537 pacientes em um centro, dentre os quais 202 receberam a válvula Lotus e 335 receberam a Sapien 3.


Leia também: “Desempenho da válvula Lotus em relação ao implante de marca-passo em pacientes Pós-TAVI”.


Nenhum paciente apresentou, após o implante, insuficiência aórtica moderada ou severa. A taxa de insuficiência leve foi menor com a válvula reposicionável Lotus, enquanto que a taxa de implante de marca-passo foi significativamente menor com a Sapien 3 (36,1% vs. 14,9%; p < 0,01).

 

O desfecho de segurança em 30 dias foi de 7,4% para ambos os dispositivos, sem terem sido observadas diferenças em mortalidade (Lotus 1,9% vs. Sapien 3 1,8%; p = 0,87), em AVC incapacitante (Lotus 1,5% vs. Sapien 3 2,1%; p = 0,62) ou complicações vasculares maiores (Lotus 2,9% vs. Sapien 3 2,4%; p = 0,69).

 

Ao realizar um ajuste utilizando o propensity score não foram observadas diferenças no desfecho primário de 12 meses (Lotus 15,5% vs. Sapien 3 18,6%; p = 0,69) nem no de 24 meses (Lotus 21,9% vs. Sapien 3 26,4%; p = 0,49).

 

Conclusão

O implante percutâneo da valva aórtica com os dispositivos Lotus e Sapien 3 teve resultados similares tanto a curto prazo como em 2 anos. Só se diferenciaram na necessidade de marca-passo, que foi significativamente menor com a válvula balão expansível.

 

Discussão

Ambos os tipos de válvulas foram desenhados especificamente para diminuir a insuficiência paravalvar. A válvula Sapien 3 possui uma rede externa na parte distal do stent que serve para rechear as pequenas soluções de continuidade que podem ficar entre a prótese e o anel nativo.

 

A Lotus tem duas estratégias para resolver o mencionado problema: por um lado, é reposicionável, podendo descer ou subir uns milímetros com o objetivo de corrigir a regurgitação; por outro, tem a tecnologia de Adaptative Seal, que é um recobrimento externo de uretano para rechear os gaps (uma solução similar à rede da Sapien 3). A ausência de insuficiência paravalvar moderada ou severa em 573 pacientes prova que o desenho específico para esse problema em cada uma das válvulas cumpre sua função.

 

O único evento no qual houve diferença foi na necessidade de marca-passo, que foi mais do dobro para a Lotus. Ainda não está claro se dita necessidade realmente se associa a eventos adversos, mas com o TAVI alcançando populações mais jovens e de menor risco, poderia significar um problema para o dispositivo Lotus.

 

Título original: Outcome With the Repositionable and Retrievable Boston Scientific Lotus Valve Compared With the Balloon-Expandable Edwards Sapien 3 Valve in Patients Undergoing Transfemoral Aortic Valve Replacement.

Referência: Julia Seeger et al. Circ Cardiovasc Interv. 2017;10:e004670.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

 

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Gradientes pós-TAVI e as consequências de sua mensuração: são equiparáveis a medição invasiva e a ecográfica?

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) é considerado o tratamento de escolha em uma porcentagem significativa de pacientes com estenose aórtica sintomática. Seus...

Implante valvar percutâneo da valva tricúspide. Lux-Valve

A insuficiência tricúspide (IT) é uma entidade que se associa a uma má qualidade de vida, frequentes hospitalizações por insuficiência cardíaca e um aumento...

TAVI em anel pequeno: que válvula devemos utilizar?

Um dos principais desafios na estenose aórtica severa são os pacientes que apresentam anéis valvares pequenos, definidos por uma área ≤ 430 mm². Esta...

ACC 2025 | BHF PROTECT-TAVI: são realmente necessários os sistemas de proteção cerebral no TAVI?

A realização do TAVI tem mostrado um aumento contínuo, embora uma das complicações associadas continue sendo o acidente vascular cerebral (AVC), majoritariamente isquêmico e,...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

Gradientes pós-TAVI e as consequências de sua mensuração: são equiparáveis a medição invasiva e a ecográfica?

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) é considerado o tratamento de escolha em uma porcentagem significativa de pacientes com estenose aórtica sintomática. Seus...

Outro revés para o balão de contrapulsação? Um estudo randomizado sobre seu uso em insuficiência cardíaca crônica que progride para choque cardiogênico

O choque cardiogênico (CC) continua sendo uma entidade de altíssima mortalidade (aproximadamente 50%). Embora a maioria das terapias em dito contexto tenham sido estudadas...