Cai o mito da isquemia silente nos diabéticos

Os pacientes com diabetes mellitus geralmente apresentam uma doença coronariana mais difusa, uma progressão mais rápida das lesões e um maior risco de reestenose após uma angioplastia coronariana.

Sorpresivo hallazgo en diabetes y permeabilidad de los bypass

Para além disso, o grau em que essas diferenças anatômicas se traduzem em uma clínica diferente com relação aos pacientes não diabéticos não é um tema dilucidado.

 

Os estudos prévios que compararam a frequência de sintomas anginosos de acordo com a presença ou não de diabetes chegaram a resultados contraditórios e, de fato, historicamente nos ensinaram que os diabéticos apresentam mais frequentemente isquemia silente como uma consequência da neuropatia anatômica. Contrariamente a ditos conhecimentos clássicos, estudos recentes mostram que os pacientes diabéticos têm mais angina.


Leia também: Estes são os preditores de trombose em plataforma bioabsorvíveis Absorb”.


Foram analisados 1.080 pacientes que receberam angioplastia coronariana eletiva, dentre os quais 34% tinham o antecedente de diabetes. Os pacientes foram interrogados por seus sintomas anginosos um mês, seis meses e um ano após o procedimento por meio do questionário de angina de Seattle (de 0 a 100, a mais alto valor, melhor a classe funcional). Também se levou em consideração a quantidade de medicação antianginosa no momento da alta.

 

Tanto em termos basais quanto em cada momento do seguimento os pacientes diabéticos mostraram uma prevalência e severidade de angina similar à dos pacientes não diabéticos.

 

Os pacientes diabéticos receberam mais frequentemente antagonistas cálcicos e nitritos de ação prolongada enquanto que os B bloqueadores e a ranolazina foram indicados em proporções similares.


Leia também: Uma nova oportunidade para a denervação renal”.


Na análise multivariada, o risco de apresentar angina um ano após uma angioplastia coronariana programada foi similar entre pacientes diabéticos e não diabéticos (RR: 1,04; IC: 0,80–1,36).

 

Conclusão

Os pacientes diabéticos com doença coronariana estável têm sintomas tão frequentemente quanto os pacientes não diabéticos mesmo recebendo mais medicação antianginosa. Esses achados contradizem os ensinamentos tradicionais sobre a maior frequência de isquemia silente nos diabéticos.

 

Título original: Residual Angina After Elective Percutaneous Coronary Intervention in Patients With Diabetes Mellitus.

Referência: Anna Grodzinsky et al. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2017;10:e003553.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Angiografia coronariana não planejada após o TAVI: incidência, preditores e resultados

A importância de avaliar a doença coronariana em pacientes submetidos a implante percutâneo da valva aórtica (TAVR) é bem conhecida devido à sua alta...

Preditores de sucesso no uso de litotripsia intravascular em lesões coronarianas calcificadas

A calcificação coronariana (CAC) é um achado cada vez mais frequente em pacientes submetidos a angioplastia coronariana (PCI). A litotripsia intravascular (IVL) se consolidou...

Assistência ventricular em anatomias complexas e deterioração severa da função ventricular esquerda

A doença coronariana severa é uma causa frequente de deterioração da função ventricular esquerda. Em tais casos, a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) costuma...

Subestudo FLAVOUR trial: FFR ou IVUS na avaliação de pacientes diabéticos

Os pacientes com diabetes (DBT) costumam apresentar uma doença coronariana mais complexa em comparação com os não diabéticos, com maior prevalência de doença coronariana...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Angiografia coronariana não planejada após o TAVI: incidência, preditores e resultados

A importância de avaliar a doença coronariana em pacientes submetidos a implante percutâneo da valva aórtica (TAVR) é bem conhecida devido à sua alta...

Jornadas Uruguai 2025 | Concurso de Jovens Cardiologistas Intervencionistas

Chamado À Apresentação de Casos LI Jornadas Regionais da SOLACI – 16° Região Cone Sul. Temos o prazer de convidar os jovens cardiologistas latino-americanos para apresentar...

Preditores de sucesso no uso de litotripsia intravascular em lesões coronarianas calcificadas

A calcificação coronariana (CAC) é um achado cada vez mais frequente em pacientes submetidos a angioplastia coronariana (PCI). A litotripsia intravascular (IVL) se consolidou...